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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Notas sobre os últimos acontecimentos

21 notas sobre um país que tem mais trama que a novela das oito. 
 1. Em setembro do ano passado, às vésperas da eleição presidencial, Lula promoveu um “abraço” na sede da Petrobrás, em defesa do Pré-Sal. Compareceram ao chamado a CUT e o MST, de João Pedro Stédile, que juntos não conseguiram arregimentar gente sequer para um aperto de mão à empresa.
 2. Lembro em 2002, ainda adolescente, de ver o Farol da Barra, em Salvador, lotado para aquele que foi o maior comício da campanha eleitoral de Luís Inácio Lula da Silva. Havia no local mais de 50 mil pessoas para ver o homem que conquistara o país, recebendo apoio de artistas, socialites e intelectuais. 13 anos depois vi o mesmo Lula, num evento patético, para níveis lulistas, “em defesa da Petrobrás”. Fechado, para um público de 500 pessoas espontaneamente trazidas por sindicatos amigos e do lado de fora um povo que apanhava de brucutus petistas.
3. A continuar a tendência, e dadas algumas revelações das investigações em curso, é possível que o próximo ato do ex-presidente em defesa da Petrobrás ocorra num espaço ainda mais fechado.
4. A propósito, para que servem os sindicatos? Resposta: Para tungar parte do salário do trabalhador via imposto sindical, para homologar rescisões trabalhistas, e para fazer volume nos eventos do PT. Ivar Schmidt, um dos líderes dos caminhoneiros paralisados resume bem: “abomino sindicato, associação, federação, confederação. Esses segmentos tentaram nos representar nas últimas décadas e nunca resolveram nossos problemas”. Taí, enquanto o sindicato da categoria, amigo do governo fechou acordo, os verdadeiros caminhoneiros seguem parados nas rodovias.
5. Stédile, chefe dos sem-terra que tem um interesse inusitado no setor de petróleo, ameaçou em setembro colocar o seu exército na rua contra os indignados com a roubalheira na estatal. No evento desta semana foi Lula quem invocou o exército de Stédile às ruas. Além da ameaça repetida, chama atenção que o “maior presidente da história destepaiz” agora só fala em público cercado por seus brutamontes.
6. Em tempo, o Clube Militar emitiu nota lembrando a dupla Lula e Stédile que no Brasil há somente um Exército, o Exército de Caxias.
7.  Até Dilma anda perdendo a paciência com as patacoadas de Lula. A presidente teria detestado a ida do antecessor ao evento “em defesa da Petrobrás”.
8. Socialistas de diferentes matizes, dos brandos sociais-democratas aos comunistas odeiam Margareth Tatcher. Detestam principalmente o quanto ela mostrou o óbvio: “O socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros”. E acabou. Endurecimento do seguro-desemprego e do FIES, escolas do Pronatec sem receber, fim do programa Minha Casa Melhor, carros da embaixada brasileira nos EUA retidos por não pagar estacionamento, outras embaixadas faltando papel higiênico, empreiteiras acusando o governo de se valer da Lava-Jato para não pagá-las, e o Ministro da Previdência dando sinais que quer aumentar a idade mínima para o trabalhador brasileiro se aposentar.
9. Em 2013, a Justiça determinou uma intervenção no meu Esporte Clube Bahia, que destituiu o presidente do clube e apontou um interventor para consertar as lambanças do presidente destituído. Dilma, ao que parece decidiu nomear ela própria um interventor sobre o seu governo: Joaquim Levy. Tudo que o novo Ministro da Fazenda tem feito é desfazer as barbaridades de Dilma no seu primeiro mandato. Elevou juros que Dilma baixou na marra, subiu o preço da energia que Dilma baixou na marra, aumentou impostos (isso nunca baixa no Brasil). E a última, pôs fim à desoneração da folha de pagamento. Palavras do interventor Ministro: “Você aplicou um negócio que era muito grosseiro… essa brincadeira… não vale a pena”.
10. Depois de virar chacota nacional ao culpar FHC pelos treze anos de roubalheiras petistas na Petrobrás, a presidente mostrou que nem todos os memes da internet abalam o seu amor pelo ex-presidente. Em evento no Rio Grande do Sul para inaugurar um parque eólico. Dilma disse: “Se no passado ocorresse isso (falta de chuvas), estaríamos no maior racionamento. Em 2001, no racionamento tinha energia no Rio Grande do Sul, mas, não tinha linhas de transmissão. Hoje tem.” Em tempo, no início do ano passado, 34% dos parques eólicos concluídos estavam parados por falta de… linhas de transmissão. Desperdiçando energia suficiente para atender 2 milhões de lares. A previsão que estes parques concluídos em 2012 sejam finalmente interligados ao sistema em 2015.
11. Durante as eleições a presidente ignorou a queda nas chuvas e afirmou que a seca no Estado era fruto exclusivamente da falta de planejamento. Ontem, no mesmo evento Dilma soltou: “Os aumentos nos preços da energia são passageiros, estão em função de o Brasil enfrentar a maior falta de água dos últimos 100 anos”, contou. Ficamos sabendo então que a presidente diferente dos tucanos planeja, só esquece de combinar seus planos com São Pedro.
12. Se durante a campanha quando todos os especialistas comentavam da gravidade da situação hídrica, Dilma dizia que estava tudo bem e não iria faltar energia. Agora que ela admite que a energia subiu porque realmente está faltando água, é sinal que a situação está pior do que imaginamos.
13. Deixados do lado de fora do evento, manifestantes portavam cartazes com os dizeres “basta de fanfarras” e “fora Dilma”. Dizem que desta vez, diferente do evento com Lula no Rio, ninguém caiu na porrada.
14. Ainda no Rio Grande do Sul. Caminhoneiros paralisados no estado tentaram a bloquear as estradas jogando leite na pista para impedir a chegada da Presidente Dilma ao evento de inauguração do parque eólico. Não adianta chorar pelo leite derramado, pois, a presidente chegou ao evento de helicóptero.
15. Em nota, a Federação Nacional da Polícia Rodoviária Federal escreve: ““a rápida judicialização de movimentos classistas pelo governo (do qual inclusive nossa operação padrão foi vítima em 2012) e o tratamento diferenciado que movimentos ‘sociais’ alinhados ideologicamente com o governo tem tido em situações semelhantes”. Pois é, não se tem notícia até hoje que algum Black bloc tenha ressarcido os cofres públicos pelas depredações cometidas. Tampouco, que algum sem-terra tenha sido condenado após agredirem 30 policiais militares no DF, ano passado. O ministro da justiça, no entanto, se mostrou determinado a cobrar multa de R$5mil a R$10 mil por hora de cada caminhoneiro parado.
16. A justiça do Distrito Federal determinou pela segunda vez no ano o bloqueio de bens do ex-governador Agnelo Queiroz. No total os dois bloqueios somam cerca de R$50 milhões de reais. O valor é 50 vezes maior que a declaração de bens feita por Agnelo a Justiça Eleitoral quando tentou a reeleição e perdeu nas eleições passadas. Na mesma semana, Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás, teve bens bloqueados no valor de R$106 milhões. Um ex-governador que um ano multiplica o patrimônio por 50. Um ex-diretor de estatal mais rico que muito grande empresário. Temos que reconhecer a sabedoria petista para criar riqueza.
17. O Ministro da Justiça tem tido encontros sigilosos com as mais diversas figuras da operação Lava-Jato. Depois dos advogados de um dos empreiteiros acusados, o último encontro furtivo que se tem notícia foi com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Depois de revelado o encontro, o ministro e o procurador anunciaram que o motivo do encontro foi para tratar de “possíveis ameaças” à segurança de Janot. Soava estranho. Até que ontem o Procurador-Geral tornou público que sua casa fora invadida por bandidos que levaram, vejam só, apenas um controle remoto de portão. O que era estranho, ficou mais estranho ainda.
18. A casa invadida do Procurador-Geral fica dentro de um condomínio que conta com seguranças e muros altos. Apesar da preocupação do Ministro da Justiça, a quem responde a Polícia Federal e a quem caberia a investigação por se tratar de uma autoridade, o caso está sendo investigado pela Polícia do Distrito Federal. Mas, a pergunta que fica é: Por que só revelou agora, Janot?
19. Primeiro foi a Time. Depois o Financial Times. Agora a The Economist. O Brasil de queridinho dos BRICS está se transformando na Casa dos Horrores no exterior. A The Economist não poupou palavras. Afirmou que no momento o país precisa de uma liderança forte, temos que nos contentar, porém, com uma presidente fraca.
20. Apesar de odiarem Tatcher, a esquerda não se furtou a comparar nossa Dilma à líder britânica. Ou quem sabe, uma versão da primeira-ministra alemã Ângela Merkel, que tem liderado com firmeza a Europa. Bem, se o socialismo como alternativa ao capitalismo é uma péssima opção. Uma versão socialista de Dama de Ferro não seria muito melhor.
21. Não somente as seguidas quedas no ranking de pessoas mais poderosas do mundo evidenciam que Dilma começa seu segundo mandato mais fraca do que começou o primeiro. No final do ano passado para aprovar uma manobra legal que transformaria o déficit nas contas públicas em superávit, a presidente topou liberar R$768 mil em emendas parlamentares. Esta semana, Pepe Vargas fez uma visita ao relator do orçamento Romero Jucá e aceitou sem pestanejar a proposta do senador de liberar até 10 milhões de reais em emendas para cada parlamentar. Momento bom para quem pretende se aproveitar do desespero por qualquer tipo de apoio.
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Um Brasil em crise e um Governo que não sabe o que fazer

Greve dos caminhoneiros. Brasil em crise. Dilma RousseffDesde a primeira semana após o fim das eleições presidenciais do ano passado se popularizou o termo “estelionato eleitoral”. Utilizado toda vez que a presidente reeleita Dilma Rousseff pratica um ato de governo que é o exato oposto daquilo que prometeu durante as campanhas. Demorou, infelizmente, para o povo brasileiro perceber a enrascada que se meteu já na primeira eleição. Sejamos honestos, o primeiro estelionato eleitoral da “Presidenta” aconteceu quando se apresentou como uma gerentona eficiente. 
A verdade é que Dilma tem demonstrado uma capacidade ímpar para destruir tudo aquilo em que toca. Levou à falência uma lojinha de bugigangas importadas. Depois só subiu de patamar. Fez o mesmo com o setor elétrico, em que é especialista. Foi assim com a Petrobrás, onde comandou o Conselho de Administração da estatal. É assim com o Brasil.
Eu tendo a considerar a presidente, uma espécie peculiar de gênio. Pense bem, a nossa presidente conseguiu estragar tudo o que se propôs no governo. É uma coisa muito difícil de fazer. Quer dizer, mesmo que você não seja muito brilhante, o mínimo que você precisa fazer é manter as coisas que funcionam… funcionando. Você pode até fracassar ao tentar fazer algo novo, mas, aquilo que já estava ali bem antes de sua chegada? A presidente é intrigante, sabe tudo de economia, de energia, de petróleo, e são exatamente estes os piores setores do seu governo. Pense nisso.
A visão curta da Dilma e seu Governo
O governo Dilma, faça-se justiça, está pagando caro por seguir o modus operandi do seu antecessor. Uma característica da passagem petista pela Presidência da República é tentar capitalizar a todo o momento com a opinião pública. Toda ação do governo passa por um processo de maquiagem, de modo a se tornar agradável aos olhos de grupos de interesses dentro eleitorado. A necessidade de aprovação diária impede a busca por soluções completas, mas, que demoram mais a apresentar resultado.
Esta forma de governar, impede o governo de pensar o país estrategicamente. E o tornou num mero balcão de negócios que tentar agradar a tudo e a todos diariamente. Se durante o período Lula, o crescimento econômico permitia agradar diversos grupos a um só tempo. A crise, no entanto, fez florescer todas as distorções deste modelo, e com pouco dinheiro em caixa a capacidade de mimar tais grupos diminuiu drasticamente.
Exemplo de um governo míope
As estradas brasileiras travadas pelos caminhoneiros são um exemplo claro da miopia governamental presente nesta forma de governar. Vejamos:
O governo lançou em 2009, um programa via BNDES para facilitar a aquisição de caminhões novos pela categoria com aqueles juros conhecidos do banco, bem camaradas. Num primeiro momento parecia uma maravilha. Os caminhoneiros puderam adquirir veículos mais novos e modernos. As transportadoras puderam expandir sua frota, novos caminhoneiros puderam ingressar na atividade.
Porém, toda medida econômica tem efeitos imediatos. Mas, tem também efeitos ocultos, indiretos e que só se manifestam com o tempo. Somente os bons economistas conseguem ver estes efeitos ocultos. Dilma e seu governo, como se sabe, são economicamente míopes, só enxergam o que está próximo.
Além dos custos de financiamento, o caminhoneiro precisa lidar com custos de manutenção dos veículos, impostos, engarrafamentos nas cidades, problemas provocados por estradas esburacadas, seguro obrigatório, pedágios, etc. Custos que subiram muito nos últimos anos, graças à política tolerante com a inflação da dupla Mantega-Rousseff.
Para piorar a política fiscal frouxa do governo está fazendo a inflação e o dólar dispararem. O golpe final veio quando para salvar o caixa da Petrobrás o governo aumentou o preço dos combustíveis. Afetando também o diesel utilizado nos caminhões.
Os caminhoneiros se veem agora estrangulados. Os custos não param de subir, mas, não podem repassar este aumento para o valor dos fretes, por causa do aumento da concorrência nos últimos anos. Endividados, a atividade se tornou inviável e há quem esteja pagando pagando para trabalhar.
Este é apenas um exemplo dentre tantos em que o governo tentando ajudar grupos específicos acaba por prejudicar todo o restante da economia e o próprio grupo que seria beneficiado, simplesmente porque está preocupado em colher imediatamente apoios eleitorais.
Respostas igualmente míopes
O governo Dilma já entregou ao eleitorado o atestado de que está perdido. E que não tem mais nenhuma carta na manga para salvar o país da crise em que nos colocou.
O secretário geral da Presidência, Miguel Rosseto, foi escalado para negociar com os caminhoneiros e tentar encerrar a greve. Quais foram as propostas apresentadas pelo ministro? Congelar o preço do diesel por seis meses e sancionar sem vetos a PL 4.246/12.
Sobre congelar o preço do diesel é patético que o governo recorra à medida. Foi o próprio congelamento de preços que fez com que o preço do produto no Brasil disparasse, no exato momento em que o barril do petróleo atinge o menor valor em mais de uma década.
A sanção sem vetos da citada lei é mais um exemplo desta miopia e desta incapacidade de enxergar as coisas além do seus efeitos imediatos. A Associação das Empresas Concessionárias de Rodovias divulgou ontem nota contra a medida e pedindo que a emenda 12 feita no Senado seja mantida pela Presidente.
Na nota, são apontados diversos efeitos indiretos que a lei provocará. O aumento do risco de acidentes, como tombamentos e provocados por perda de frenagem dos caminhões. Aumento dos pedágios, para todos os motoristas, inclusive os próprios caminhoneiros. Aumento dos custos de manutenção dos caminhões. Viagens mais longas. E aumento no preço das mercadorias transportadas pelas rodovias são alguns dos problemas apontados. E que o governo pressionado, perdido, e sedento por lançar uma agenda positiva tende a agravar.
Leia a nota completa aqui: Comunicado à Imprensa
Conclusão 
A crise econômica que afeta o Brasil foi produzida em casa. Por um governo incapaz de gerenciar o país e que para o nosso azar obteve mais quatro anos de mandato, dos quais estamos apenas no segundo mês.
A Presidente e a sua equipe já deram mostras que são incapazes de entender o que de fato está acontecendo com nossa economia. E apresentam agora um repertório de soluções que além de repetidos, são os mesmos que nos trouxeram para a situação atual.
Impossibilitados por suas próprias limitações, não podem compreender o que acontece e propor soluções reais para os mesmos, além de meros paliativos que adiam e agravam os nossos problemas.
Preocupado demais em agradar ao eleitor como se estivesse em campanha eleitoral. Refém de grupos de interesse, sindicalistas, congressistas, grandes empresários, empreiteiros, banqueiros , todos interessados em manter e ampliar seus privilégios junto à máquina pública diante de um governo fraco e desesperado. O recado do Governo Dilma aos brasileiros que vivem do seu próprio suor (e para sustentar toda esta lambança) é que o que está ruim, apenas começou a piorar.

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sábado, 21 de fevereiro de 2015

Livro: Como a Economia cresce e porque ela Quebra



O livro dos irmãos Schiff é uma divertida aula sobre economia. Com ilustrações de Brendan Leach ninguém terá mais desculpas para não entender esta "obscura ciência" que na verdade é muito mais simples do que a maioria das pessoas - e dos próprios economistas - pensa. 

De maneira lúdica o autor mostra a importância da poupança e do risco para o crescimento econômico. Revela ainda a origem da inflação, das bolhas econômicas e revela como as crises recorrentes no último século foram provocadas por governos perdulários. Incluída aí a crise de 2008.

O livro ensina tudo que alguém precisa saber sobre o crescimento econômico. E tem o mérito de pela primeira vez tornar o estudo da Economia numa experiência agradável. 

Livro altamente recomendável.
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A farsa das empreiteiras. O Brasil não vai parar.

Empreiteiras envolvidas no Petrolão.Está em curso uma ideia plantada pelo PT, pelo Governo, pelo Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, pelo ex-presidente Lula, pela Presidente Dilma e por todos os amantes da impunidade, que é preciso investigar o Petrolão sem parar o Brasil.
A tese é a seguinte.
 As maiores empreiteiras do país estão envolvidas no escândalo da Petrobrás. Elas são também responsáveis pelas maiores obras em execução Brasil afora. Caso prospere a intenção do Ministério Público de Contas para tornar todas as empreiteiras do Petrolão inidôneas elas ficarão impedidas de receber repasses do Governo o que pararia as obras.
Numa medida minimamente sensata, a ex-presidente da Petrobrás Graça Foster, suspendeu todos os pagamentos da petrolífera às empresas investigadas e isto já está gerando sérios problemas de caixa para várias delas. Algumas, como a Queiroz Galvão já começaram a demitir parte de seus funcionários.
Alegando preocupação com os empregos e com a continuidade do Brasil o grupo da impunidade citado acima defende que as empresas simplesmente paguem uma multa pesada, mas, que possam continuar mantendo seus contratos com o Governo.
A verdade
Aqueles que não aceitam a impunidade podem dormir tranquilos, pois, não precisam defender bandidos para continuar em defesa do Brasil.
A verdade é que não faltam construtoras neste país. Se aquelas envolvidas no esquema forem impedidas de realizar as obras do governo e da Petrobrás, bastará substituí-las por outras empresas idôneas. E os empregos que estão sendo perdidos? Serão recuperados tão logo estas novas empresas comecem a atuar. A economia sairia ganhando. Sem empresas corruptas as obras ficariam muito mais baratas.
O verdadeiro prejuízo para a nossa economia e nosso país seria que aquelas empresas que por décadas serviram de ponte para roubar o nosso dinheiro continuassem a recebê-lo, como se tudo não passasse de um simples tropeço ético e moral.
Os ganhos futuros mais que compensam as eventuais perdas do presente.
O que está por trás da estratégia?
Trabalhador brasileiro está na hora de entender que você sempre foi a última das preocupações no governo do partido que se diz dos trabalhadores.
O que realmente está por trás da estratégia é o medo que o Planalto e o ex-presidente Lula tem que os donos das empreiteiras comecem a soltar tudo o que sabem. Poderíamos chamar esta estratégia de “Operação Cala Boca”. O governo se empenha para que as empresas não tenham grandes prejuízos e possam continuar a operar, e os empreiteiros em troca ficam em silêncio.
É isto que está por trás também do obscuro encontro do Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo com o advogado de um dos empreiteiros presos. Estão tentando ao máximo manter os ânimos calmos e fazer tudo acabar apenas em ganância de uns empreiteiros que queriam uns trocados a mais. Tal qual tentaram fazer do Mensalão, a compra do Congresso, num mero caso de caixa dois.
Não prosperarão. O brasileiro está calejado demais para cair em farsas sensacionalistas.

P.s.: Ao que tudo indica a "Operação Cala Boca" vai entrar a semana que vem a todo vapor. Neste fim de semana, Roberto Pessoa, dono da UTC e apontado como líder do clube das empreiteiras fez chegar a imprensa denúncias contra as campanhas petistas para Presidente e para o Governo da Bahia, atingindo o ex-governador e atual Ministro da Defesa Jaques Wagner e o atual governador do Estado Rui Costa. Atinge ainda o mensaleiro José Dirceu. E derruba a tese apresentada ontem pela Presidente afirmando que o esquema foi montado apenas em 2003 no primeiro ano do Governo Lula.
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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Impeachment é Golpe?

Quanto dos que hoje acusam golpe daqueles que levantam a hipótese de Impeachment da Presidente, não se orgulham de terem ido às ruas em 1992 derrubar o ex-presidente Fernando Collor? 
Há uma campanha ardilosa originada do partido da Presidente da República e espalhada pela internet por meio dos chamados “blogs sujos” que tenta igualar o instrumento democrático do Impeachment a um Golpe de Estado , que é o oposto do Impedimento, pois representa a ruptura da ordem democrática.
A campanha é sórdida. E parece ser um movimento preventivo do governo diante de sérias possibilidades da Presidente vir a ser envolvida no escândalo do Petrolão. Ou que se confirmem as denúncias de que o Partido dos Trabalhadores teria recebido ilegalmente. mais de R$200 milhões em propinas para campanhas eleitorais. Situação em que caberia não o Impeachment, mas, a cassação do mandato da Presidente.
O movimento é imoral. Porque inverte os papéis. Não há nada de antidemocrático em se pedir o impedimento do governante. Este é um direito que cabe a todo e qualquer cidadão brasileiro sempre que considere pertinente. Há para isto, as estruturas do Estado para avaliar a validade do pleito e dar prosseguimento ao processo ou arquivá-lo.
O golpe à democracia é praticado por aqueles que pretendem tolher este direito do cidadão brasileiro. No dia em que não se puder mais pedir o Impeachment estaremos diante da figura autoritária do governante insolúvel. Uma vez eleito torna-se-ia intocável e somente o fim do mandato poderia afastá-lo do cargo.
Se haverá pedido de Impeachment ou não somente o tempo e o desenrolar dos fatos pode dizer. Mas, é preciso desde já manter o ambiente institucional livre de ameaças intimidadoras daqueles que a pretexto de defenderem a democracia, estão na verdade empenhados em destruí-la por dentro.
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Os Nacionalistas são contra o Brasil

Nacionalismo Pré-sal PetrobrásO discurso nacionalista no Brasil sempre serviu de justificativa para que grupos no poder pudessem agredir sem culpas o povo brasileiro. Quando foi usado tinha o intuito de mascarar alguma maldade praticada pelo governante de plantão. É o recurso de comprovada eficácia para que políticos ataquem o cidadão, e ainda saiam como defensores do povo.
Foi com o discurso nacionalista que o ditador Getúlio Vargas se tornou herói inconteste nacional, uma figura mítica do nosso folclore . Foi também com o discurso nacionalista que os militares mantiveram-se por quase duas décadas no poder. O mesmo discurso fez do Brasil uma das economias mais fechadas do mundo, sempre em nome da indústria nacional, mesmo quando ela não é brasileira, como no caso das montadoras de veículos. O nacionalismo também foi usado pelo partido no poder em todas as últimas eleições. Nos anos 2000, diziam que a oposição queria “entregar” o Brasil para os americanos com a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Diziam ainda que pretendiam entregar a Petrobrás para as grandes petrolíferas estrangeiras. E por aí vai.
O nacionalismo está sendo invocado outra vez por aqueles que se esforçam para defender a roubalheira na Petrobrás. Falam em golpe dos que querem privatizá-la. Afirmam que aqueles que estão indignados com a corrupção deviam se envergonhar por expor as falcatruas na maior empresa do país. Segundo os nacionalistas, devemos amar e respeitar a Petrobrás, e isto significa esconder todos os fatos negativos sobre a empresa para que o preço de suas ações não caia ainda mais. Alegam que deveríamos está mais indignados com pessoas que comparam o preço de uma ação da petrolífera a uma taça de chopp, do que com aqueles que levaram a empresa a esta situação.
Não surpreende. O nacionalismo é sempre tosco.
A Petrobrás é filha deste discurso. Na década de 50 quando foi criada por Getúlio Vargas após a campanha nacionalista “o petróleo é nosso”, decidiu-se que a exploração do petróleo é uma atividade estratégica para o país, e, portanto, deveria pertencer ao povo brasileiro. Por isso seria um monopólio estatal. Ora, mais importante que o óleo que alimenta as máquinas, é a comida que alimenta as pessoas, nem por isso a produção de alimentos é considerada estratégica e objeto de monopólio estatal, vai entender esta lógica.
Quando a Petrobrás nasceu, a exploração de petróleo já acontecia há quase um século nos Estados Unidos. Naquele país a exploração sempre foi privada, implantada, desenvolvida e tornada essencial pela iniciativa privada. Apesar de maior potencia mundial e muito mais dependente do petróleo, os americanos nunca tiveram problemas em deixar a exploração fora da esfera estatal. Não há qualquer registro que o desenvolvimento dos EUA tenha sido em algum momento prejudicado por empresários gananciosos. Seriam os americanos menos patriotas que nós brasileiros?
É consenso que a Guerra do Iraque, em 2003, foi motivada pela busca por mais petróleo por parte dos americanos. No início dos anos 2000, os EUA estavam cada dia mais dependentes da importação do produto. E talvez por uma coincidência macabra vários dos seus principais fornecedores eram países controlados por governos hostis a Washington. A ofensiva ao Iraque tinha como objetivo controlar as reservas daquele país, aliviando a dependência de países como Irã e Venezuela, pouco amigáveis aos EUA.
Naquela época, quem controlava a produção mundial do produto era a OPEP, a organização dos principais países exportadores liderados pela Arábia Saudita. Os EUA eram altamente dependentes da importação de petróleo, e com isso a OPEP usava o seu poder para aumentar ou diminuir a produção, fazendo o preço do produto oscilar de acordo com seus interesses.
Para agravar a situação, o preço do barril não parava de subir. O crescimento da economia chinesa fazia a demanda pelo produto crescer sem parar. Previsões diziam que em breve o barril chegaria na casa dos $200, sendo que nos anos 90 custava cerca de $20, um incremento e tanto.
Mais uma vitória do livre-mercado
Com um preço tão elevado do barril, o Brasil decidiu que era hora de embarcar na aventura do pré-sal. Os dirigentes da empresa, movidos, sobretudo por uma grande paixão nacionalista viram apenas a cotação do produto subindo no horizonte. O governo não perdeu a chance. E com discursos ufanistas celebrava o “bilhete premiado”. Falou-se em revolução na educação com os royalties da exploração. E, novamente, abusando de um nacionalismo tosco, a presidente em sua campanha para a reeleição acusou a oposição de querer parar com o pré-sal, prejudicando o futuro das criancinhas e do Brasil. Qual a razão lógica para a oposição querer isto não se sabe, mas, o nacionalismo não se presta a qualquer lógica.
No entanto, silenciosamente uma revolução se formava. O livre-mercado preparava mais uma vitória sobre os estatistas. Enquanto em Brasília, a nossa presidente fazia previsões cada vez mais mirabolantes com os frutos do pré-sal, sempre sonhando com um mundo de petróleo nas alturas. Nos EUA, empresários faziam o que fazem melhor que ninguém: atender as demandas do mercado com a maior eficiência e o menor custo.
Com o barril do petróleo nas alturas, era uma oportunidade para empreendedores buscarem novas alternativas à exploração do produto. Foi assim que a exploração do gás de xisto se tornou interessante. E a cada instante mais e mais empresas surgiam no mercado. Atualmente os EUA tem mais de 2.000 produtores de gás e petróleo de Xisto. Bem diferente do nosso caso, em que somos dependentes da lentidão de uma única estatal.
A exploração do gás de xisto cresceu mais veloz que os analistas esperavam e o resultado é que em poucos anos os EUA viraram o jogo. Se em 2003 embarcaram numa guerra custosa pelo produto, agora eles se veem livres da dependência externa. Em menos de cinco anos a produção total de petróleo nos EUA saltou de 5,4 milhões barris/dia para 8,5 milhões de barris/ dia. O equivalente a um Brasil e meio em termos de produção de petróleo anual. A nossa produção no mesmo período foi de 2 milhões barris/dia para 2,2 milhões.
Os antigos exportadores para os Estados Unidos se veem perdidos. Com o incremento da produção americana sobrou petróleo no mundo e por isto os preços despencam. Somente a Petrobrás viu a sua exportação para os ianques cair 60% em dois anos (de US$8,4 bilhões em 2011 para US$ 3,7 bilhões em 2013). A Venezuela que tem na exportação de petróleo 95% de suas vendas ao exterior denunciou na Conferência do Clima em Lima, no Peru, os EUA por explorarem o gás de Xisto, que seria poluente e prejudicial ao meio ambiente. Ouvir uma queixa destas de um país que vive de combustíveis fósseis é realmente hilário.
Mas, não parou por aí. Além de reduzirem sua dependência do produto externo. Os americanos ainda tomaram da OPEP o controle do mercado mundial. A própria Arábia Saudita anunciou recentemente que não mais controlará os preços do produto no mercado, e que esta função cabe agora aos Estados Unidos. Os Sauditas decidiram não cortar a sua produção para fazer os preços subir, pois, sabe que perdeu esta capacidade e por acreditar que apenas perderia terreno, uma vez que outros países produtores fora da OPEP como Rússia e México não fariam o mesmo.
Para nós brasileiros, só nos resta lamentar. Com a crescente produção do gás de xisto, e a quase autossuficiência do maior consumidor mundial derrubaram a cotação do petróleo. A China que se tornou o maior importador está entrando em desaceleração. Explorar o pré-sal é caro e só é viável, segundo a Petrobrás, a um barril custando no mínimo $50 (a cotação atual está em $55). O que ameaça a viabilidade da exploração – a viabilidade do pré-sal fica ainda mais comprometida com as exigências de conteúdo nacional que apenas encarecem a operação, outro ranço nacionalista.
O nosso “bilhete premiado” perdeu valor antes de ser sacado. Supõe-se que o barril possa estabilizar em $60 ou $70, o que manteria a extração viável, mas, muito abaixo das previsões megalomaníacas de Brasília. Pior, a nossa única e gigantesca estatal do petróleo está superendividada, muito em função do pré-sal, hoje a Petrobrás tem a maior dívida corporativa do mundo.
O fato é que a era do Pré-Sal veio e já se foi. E o Brasil que queria proteger a “riqueza nacional” perdeu tempo demais discutindo quem ficaria com os royalties do petróleo que nem sequer tinha sido extraído. Perdemos muito tempo também para mudar o modelo de exploração de Concessão para Partilha. O tempo passou. Enquanto a bandeira nacionalista parou o Brasil, o mundo corria e ficamos para trás.
E aí está o preço. Corremos o risco de ficar sem Pré-Sal. Sem Petrobrás. E com um combustível que fica mais caro a cada dia. Enquanto, o preço do barril não para de cair.
O nacionalismo já provou tantas e tantas vezes ser péssimo. Não atende aos anseios da população. Custa caro. E no fim das contas, é você, povo brasileiro, quem paga a conta.
Em tempo. A agência americana de energia estima que o Brasil tem uma das maiores reservas de gás e petróleo de xisto do mundo. Mas, até 2013 a própria ANP admitia que falta ao país dados que permitam uma exploração segurança do Xisto. 
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Joaquim Levy não é um liberal

Desde que foi anunciado, o novo Ministro da Fazenda tem sido apresentado pela imprensa como um liberal. Provavelmente, devido a sua carreira no mercado financeiro e sua passagem pela Escola de Chicago, símbolo dos liberais americanos. Ou talvez tudo isto não passe de uma manobra política ensaiada.
O fato é que Joaquim Levy não é liberal. Não é porque frequentou Chicago que o nosso ministro será um Milton Friedman. Todas as suas ações até o momento vão no sentido diametralmente oposto ao que seria feito por qualquer liberal genuíno.
O ajuste fiscal até agora proposto pelo novo ministro não mexe no principal culpado pela crise na economia brasileira: o governo. Pelo contrário, todo o custo da crise está caindo sobre os ombros do trabalhador e das empresas. Enquanto, o Estado tem passado incólume pelas tesouras de Levy. Não houve qualquer sinalização no sentido de reduzir o número de ministérios ou cargos comissionados. Houve ainda o aumento nos salários do governo.
Fosse um Liberal, as medidas de Levy visariam em primeiro lugar reduzir a máquina pública. Foi a gastança estatal que levou o país à situação atual. No entanto, o Ministro optou pela via fácil. Pretende obter equilíbrio fiscal elevando receita do Estado. O que significa reduzir receita do cidadão que sustenta esta coisa toda.
As medidas do novo Ministro tendem a apresentar resultados positivos no médio prazo. Mas, por uma razão nada agradável. Todas as suas medidas são recessivas. Encarecem os custos de produção das empresas, retira competitividade da indústria nacional, reduz o crédito para o consumidor e diminui direitos do trabalhador. A recessão que estas medidas inevitavelmente irão provocar tendem a fazer a inflação voltar à meta na marra, bem como reequilibrar as finanças públicas. O custo disso será altíssimo. Desemprego e falência de empresas. Lembram das acusações feitas pela presidente aos candidatos de oposição durante a eleição? Pois é, tudo que a oposição faria é o que ela está fazendo.
Se Levy, no entanto, fosse liberal. As suas medidas visando reduzir o peso da máquina pública fariam com que o governo, único responsável por esta crise arcasse com o custo de superá-la, nada mais justo. O cidadão comum sairia ainda beneficiado de todo o processo. Com uma máquina menor os impostos cairiam, o que aumentaria os recursos disponíveis para as empresas e trabalhadores. Isto baratearia os investimentos e aumentaria o poder de consumo do trabalhador. Ao invés, de resolver a atual situação com uma recessão, se Joaquim Levy fosse de fato um liberal, a solução para a crise poderia vir acompanhada de crescimento econômico.
Infelizmente, para nós brasileiros, o novo ministro da Fazenda não é um liberal.
Indícios de Manobra Política Ensaiada.
A indicação de Levy, um homem do “mercado” parece ser uma manobra política ensaiada para tirar das costas do Partido dos Trabalhadores a responsabilidade pela atual crise econômica e pelas medidas amargas que estão sendo implantadas.
Assim que foi anunciada a indicação de Levy, algumas alas do partido se disseram contrárias à nomeação. A própria presidente que sempre abusou do horário gratuito na TV para fazer anúncios importantes do seu governo agora desapareceu. Deixou para o Ministro da Fazenda um “liberal” a responsabilidade de dar todas as notícias negativas à população, descolando a imagem da presidente das medidas.
Espera-se que a partir de 2017 as duras medidas implantadas comecem a apresentar resultados positivos o que daria tempo para que o governo voltasse a sua gastança eleitoreira habitual. O Partido dos Trabalhadores que agora se apresenta como contrário às medidas “liberais”  poderia se apresentar de caras limpas nas eleições presidenciais de 2018, como se não tivesse nada haver com o arrocho atual nas empresas e trabalhadores.
Se a própria presidente está desaparecida neste novo início de mandato. O que dizer do pai da obra, o ex-presidente Lula? Completamente sumido há algum tempo, parece que veremos a repetição de uma velha tática que é a razão de sua sobrevivência política. Dilma será queimada para que em 2018 o pré-candidato chegue com o discurso pronto de que fora traído por sua sucessora que adotou uma política econômica neoliberal dos “tucanos”. E, ele seria o único brasileiro vivo capaz de comandar o país virá para nos devolver os tempos de bonança, o único que só se preocupa com os pobres e não teme enfrentar os mercados e as “elites”. 
E, assim, com o discurso da mentira que marca os nossos tempos políticos os liberais acabam outra vez como os vilões do povo brasileiro. O Estado gastador age como se não tivesse nenhuma culpa no cartório. O Partido dos Trabalhadores segue com seu discurso do nós bonzinhos eles vilões. E o Brasil e o povo brasileiro seguem servindo de bobos chamados para pagar a conta.
Que fique então esclarecida a farsa: Joaquim Levy, Ministro da Fazenda de Dilma não é liberal. A crise atual foi criada pelo ex-presidente Lula. E estas medidas amargas são o puro modelo petista de gerir o governo e a economia.

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O governo atrasa o desenvolvimento do país (de novo)


Governo veta aeroportos privados
Aeroporto de Vitória da Conquista/BA
O economista, diplomata e político Roberto Campos – Bob Fields para os jurássicos – está para os liberais brasileiros assim como Clarice Lispector está para os filósofos de Facebook. A sua capacidade de sintetizar em poucas palavras os males do governo, o coloca como uma fonte segura de frases prontas e adequadas. Mas, não é sobre Campos este texto e por isso deixarei ele para o final.
A Presidente Dilma Rousseff vetou na terça-feira, dia 20, várias medidas que já haviam sido aprovadas pelo Congresso, como parte das ações do governo para alcançar o equilíbrio fiscal. O equilíbrio é importante e necessário, mas, as medidas que estão sendo tomadas são altamente questionáveis porque irão afetar o crescimento do país tanto no curto quando no médio e longo prazo.
Uma das medidas vetadas pela Presidente foi a que permitia a exploração comercial regular de aeroportos privados sob autorização do governo. Uma medida que prejudicará a possibilidade de desenvolvimento de um importante setor em nossa economia, e que gerará prejuízos para a população.
A medida aprovada pelo Congresso permitia a existência de três tipos de aeroportos no Brasil. Aqueles controlados pela Infraero. Os aeroportos de propriedade da Infraero, mas, cedidos por concessão à iniciativa privada. E esta nova categoria de aeroportos totalmente privados, sem a participação da autarquia federal. Com o veto, os aeroportos privados permanecem sendo de uso apenas privativo, sem possibilidade de receber vôos regulares.
O veto prejudicou, por exemplo, a construção do Novo Aeroporto de São Paulo (Nasp). Um projeto da Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, em Caieiras. No longo prazo o prejuízo para a população será ainda maior. Um novo segmento poderia surgir em nossa economia. Com o desenvolvimento de empresas voltadas a construção e operação de aeroportos privados. Aumentando a concorrência, a oferta de serviços e os efeitos benéficos da competição de mercado. O brasileiro infelizmente continuará refém dos aeroportos precários controlados pelo governo.
Esta medida poderia acelerar ainda uma proposta apresentada pela própria presidente Dilma, que propunha construir cerca de 800 novos aeroportos no país. A maioria deles em cidades do interior. Sem onerar ainda mais as contas públicas e aumentando o investimento privado na economia, fator essencial de nosso baixo crescimento.
A razão para o veto foi a pressão das empresas vencedoras das concessões feitas pelo governo no ano passado. Os aeroportos sob concessão são: Brasília, Viracopos, Guarulhos, Natal, Galeão e Confins. Estas empresas alegam, com razão, que seriam prejudicadas, uma vez que pagaram pelas concessões.
Intervenção Estatal x Livre Mercado
Os defensores do livre-mercado costumam ser acusados de agir sempre em favor das corporações. Quando na verdade o que defendemos é sempre em última instância o consumidor, única razão para a existência de um mercado. Por outro lado, os estatistas devem carregar mais um caso nas costas. A intervenção do Governo na economia prejudica os consumidores e favorece as corporações que possuem laços com ele.
Para proteger as empresas com quem tem negócios, toda a população brasileira será prejudicada. Bem como toda a nossa economia, que verá impedido o desenvolvimento de um dos setores mais estratégicos para qualquer país.
E então é hora de invocar Roberto Campos:
“O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar.” 
Casos assim ajudam a explicar porque o Brasil um país com todas as potencialidades para se tornar uma economia desenvolvida está sempre abaixo do seu potencial.
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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Confiança

Eu creio que você já ouviu falar no Custo Brasil. É o custo de se fazer negócios no país. Ele reflete os elementos que causam a baixa competitividade de nossa economia e serve para explicar porque tudo em nosso país é tão caro. O que raramente se ver é atenção a um dos elementos embutidos no Custo Brasil mais difíceis de dimensionar e que é também um dos mais importantes: a confiança.
Uma economia em que impera a confiança é mais produtiva, os custos são menores, as interações mais diversificadas e satisfatórias. A falta de confiança geras custos adicionais que simplesmente não existem onde as pessoas costumam ter um alto grau de confiança entre si. Não é o caso brasileiro, infelizmente.
A falta de confiança foi quem eliminou os cheques da vida dos brasileiros. O empresário prefere pagar uma taxa de 2% a 5% sobre o valor das vendas no cartão de crédito ou débito, a aceitar um cheque. E a razão é tão somente a falta de confiança nesta forma de pagamento. Este custo adicional entra no preço final.
A desconfiança ainda gera contratempos. Quem costuma fazer compras pela internet já passou pelo problema de precisar deixar alguém de prontidão no local da entrega. Ou tentar agendar um horário com a entregadora. Numa comunidade em que impera a confiança entre os cidadãos a encomenda poderia ser deixada na porta do cliente e ele a receberia quando chegasse. Ou a entrega podia ser feita ao vizinho mais próximo. Por aqui não há chances das empresas correrem este risco. Elas farão mais de uma viagem para fazer a entrega, ou você que fique preso dentro de casa para receber.
A nossa burocracia também reflete a falta de confiança que existe na sociedade brasileira. Cada exigência burocrática por mais estúpida que seja se baseia em alguma desconfiança. Quando você é obrigado a carimbar, autenticar, reconhecer firma de um documento o que se pretende é que você prove oficialmente que é de confiança.
Um estudo mostrou que até os anos 1960 nos EUA quando ainda havia entre os americanos um forte sentimento de confiança entre seus cidadãos, a produtividade e a economia cresciam a uma taxa maior que a verificada após este período.
As nossas empresas perdem muito em competitividade por nossa baixa confiança uns nos outros. A maioria das pequenas empresas têm seu crescimento limitado porque não confiam num estranho para gerir seus negócios. Com isto nossas empresas ficam limitadas aos parentes, amigos e conhecidos, a maioria deles desqualificados para assumir a posição que ocupam.
Imagine como seria a nossa vida se perdêssemos completamente a confiança uns nos outros. Precisaríamos comprar balanças de precisão para garantir que os produtos realmente pesam aquilo que indicam no rótulo. E não penso que estamos muito distantes disso.
Esta desconfiança fortalece a demanda por mais regulação estatal sobre as nossas vidas. Aumenta também o número de leis, regulamentações, portarias, normas, decretos, etc. para pôr na linha aqueles que ousarem sair dela.
Respire fundo para ler o que vem a seguir: O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento através da Coordenação Geral de Vinhos e Bebidas do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (MAPA/CGVB/DIPOV) elaborou uma série de Instruções Normativas para serem cumpridas até o fim do ano. Uma delas obriga as fabricantes de sucos em caixa a especificar no rótulo a porcentagem de polpa presente na bebida. Como é triste não confiar nos seus compatriotas.
Esta compreensão da confiança para o crescimento e saúde da economia nos faz pensar como os últimos acontecimentos tem servido para minar ainda mais a nossa confiança uns nos outros. Quando o partido da Presidente trata como heróis indivíduos sabidamente corruptos. Quando os casos de corrupção são relativizados. Quando a impunidade passa a imperar numa sociedade, tudo o que podemos fazer para nos proteger é desconfiar de tudo e de todos.
E, então você pode até não enxergar, mas, no Custo Brasil está embutido o custo da desconfiança. E porque você paga mais caro. E precisa tanto tempo e esforço para conseguir o que outros povos conseguem sem esforço algum.
Pergunta Final: Por que será que o Brasil tem sozinho mais cursos de Direito que todo o resto do mundo junto? E temos ainda o terceiro maior número de advogados por habitante do planeta?
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Por que certos trabalhos essenciais pagam tão pouco?


Há poucas Ferrari nas ruas porque elas custam caro? Ou, porque custam caro existem poucas Ferrari nas ruas? Se a primeira sentença for verdadeira então a fabricante da Ferrari está cometendo um erro estratégico que está limitando a venda de seus veículos. Mas, se a segunda sentença estiver correta, então podemos dizer que a Ferrari é bem sucedida em sua estratégia de criar um produto de alto valor e que é exclusivo.  Pelo que sabemos da Ferrari ela é bem-sucedida no que faz. Portanto, a segunda sentença é a correta. 

Entender esta questão é importante para compreender o valor de todas as coisas disponibilizadas no mercado. E o trabalho é uma delas.  É comum entre aqueles que consideram o capitalismo um sistema injusto apontar que certas profissões essenciais para a sociedade são tão desvalorizadas.  Por exemplo, limpadores de rua e empregadas domésticas. 

O erro que se comete aí é definir o valor em função apenas de sua utilidade. Ora, o ser humano não vive mais que 3 a 5 dias sem água. No entanto, água é vendida quase de graça. Por outro lado ninguém precisa de ouro para viver. Mesmo assim, este é um dos elementos da natureza mais valorizados que existe. Se o valor das coisas estivessem ligados à utilidade então a água deveria custar ouro e o ouro custar o preço de um copo d'água. Da mesma forma, uma Ferrari e um carro popular deveriam ambos custar o mesmo valor. Por que não é assim?

O valor das coisas não é determinado apenas por sua utilidade. Mas, também por sua disponibilidade.  A mesma água que é vendida quase de graça no Brasil, vale muito no meio do deserto onde é escassa. O valor que um ribeirinho no Rio Amazonas dar a água é muito inferior ao que é dado no sertão nordestino. 

O valor é algo subjetivo. Varia de pessoa para pessoa. É, no entanto, definido por critérios objetivos. A oferta, a demanda e a possibilidade de substituição. Ou em outras palavras, poderíamos afirmar que um item terá maior valor a depender da dificuldade para obtê-lo e a possibilidade de substituí-lo. Quanto mais difícil for o acesso a um produto e quanto menos possibilidades houver de trocá-lo por um similar, então, maior será o valor deste produto. 

O trabalho segue esta mesma lógica. E esta é a razão pela qual certos trabalhos essenciais são desvalorizados. Há uma demanda alta por empregados domésticos. Mas, há também uma oferta grande de pessoas dispostas a realizar este trabalho. E não é difícil encontrá-las. Observe o que aconteceu nos últimos anos, por exemplo, com profissões como eletricistas, pedreiros ou pintores. A demanda por eles cresceu e a oferta não cresceu na mesma velocidade, e como é difícil substituí-los o valor dessa mão-de-obra subiu. 

O serviço de um empregado doméstico é fácil de ser substituído. Podemos trocar um empregado doméstico regular por um diarista. Ou, podemos nós mesmos fazer as atividades de casa. É mais difícil substituir um eletricista, por exemplo. E quanto mais qualificada a profissão menor a possibilidade de substituição. Você trocaria o serviço de um cirurgião especializado que considere muito caro, pelo trabalho de um enfermeiro? No caso de limpadores de rua e empregados domésticos o seu serviço pode ser substituído pelo de qualquer pessoa. Não é preciso especialização. 

Entender esta dinâmica é essencial para compreender como funciona o mercado de trabalho. E entender porque certos trabalhos por mais essenciais que sejam serão menos renumerados que outros aparentemente menos essenciais. Ajuda ainda na hora de decidir qual carreira seguir e avaliar se você está numa carreira promissora em termos de renumeração ou não. Nós costumamos supervalorizar nossa profissão. Mas, lembre-se, você não vive sem água, nem por isso pagaria o preço de uma Ferrari por um copo deste líquido essencial. 


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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Thomas Piketty no Brasil

Thomas Piketty
O economista celebridade (sim, aparentemente existe) Thomas Piketty está no Brasil para divulgar o lançamento em português do seu livro. O best-seller mundial, O Capitalismo no séc XXI, que vendeu em um mês nos EUA mais que qualquer outro livro da Harvard University Press em 101 anos. No país, Piketty recebeu tratamento de celebridade em sua participação num debate com outros dois economistas brasileiros na FEA-USP. Se você procurar saber o que os outros dois economistas disseram, ou pelo menos os seus nomes terá sérias dificuldades. Todos os holofotes de nossa imprensa eram apenas para o francês.
E o que Piketty falou para os mais de 300 acadêmicos e estudantes que lotaram o auditório? Como era de esperar mais daquilo que ele vem defendendo em seu livro. Maior progressão fiscal, taxação de fortunas, investimentos em educação, igualdade de oportunidades, enfim, o receituário típico.
O trabalho de Piketty está sendo celebrado por uns e em igual proporção questionado por outros. O professor francês, no entanto, se apresenta acima de todas as discussões. Ele é pós-capitalista, pós-marxista, pós-guerra-fria. Defende medidas claramente anticapitalistas e antiliberais, mas, é ainda assim dito um liberal defensor do capitalismo, das forças de mercado, da propriedade privada.
E, o sucesso de sua obra revela que as pessoas estão pouco interessadas nas controvérsias do professor. É favorável à propriedade privada, mas, defende o confisco da riqueza alheia. Acredita nas forças do mercado, mas, defende que o governo intervenha no mesmo. É a favor do capitalismo, porém, contrário às suas estruturas básicas.
O foco do trabalho do professor é bastante evidente está na riqueza dos ricos. Há pouca disposição para discutir a situação dos mais pobres. Para Piketty, para um pobre no meio da caatinga brasileira o grande problema é que em São Paulo tenha brasileiros muito ricos. É o que se pode depreender quando a cada duas frases, Piketty pede mais imposto sobre os mais ricos.
Há também no professor uma lacuna enorme sobre o que fazer com a riqueza confiscada dos ricos. Aparentemente, desde que ricos não possam ficar muito ricos tudo estará bem com a humanidade.
Não é preciso ser gênio para imaginar o que acontecerá com esta riqueza confiscada depositada nas mãos do Estado. Enormes burocracias estatais serão criadas pelo mundo para confiscar esta riqueza, outra burocracia será criada para discutir o que fazer com ela, outra burocracia fará a aplicação decidida pela anterior, e finalmente, uma outra burocracia cuidará de fiscalizar a aplicação correta destes recursos e uma última burocracia fiscalizará se toda a riqueza foi realmente confiscada – obviamente ignorei a parcela destinada corrupção, deixei devidamente implícito.
No Brasil, Piketty deu pistas de como pensa que deve ser aplicada a riqueza confiscada: Educação. A panaceia dos acadêmicos para todos os problemas mundiais. Educação esta que passará, obviamente, por professores como ele, Piketty.
Ou seja, capitalistas eficientes que construíram fortunas não seriam as pessoas mais indicadas para dispor dela e continuar criando mais riquezas. O governo deverá confiscar e entregar para pessoas como Piketty. Com todo o seu conhecimento e sabedoria seriam a quem a sociedade deveria confiar a correta aplicação da riqueza que não foram capazes de criar.
Afinal, seres humanos não precisam de mansões com piscinas ou carros de luxo. Também não precisam de mais riqueza a partir de certo ponto. Precisam daquilo que Piketty e outros “intelectuais” disserem que precisamos.
Em seu livro, A mentalidade anticapitalista, Ludwig Von Mises já havia revelado estas mentes “elevadas” tal qual a do francês. Ele identifica porque o meio acadêmico é o mais fecundo para produzir críticas ao capitalismo. Piketty é mais um daqueles que não conseguem aceitar que o conhecimento que produzem na universidade é menos valorizado na sociedade que o Facebook, uma Coca-Cola gelada ou as músicas da Lady Gaga.
Para estas mentes é inconcebível que Mark Zuckeberg um jovem de classe média que abandonou Harvard tenha levado uma década para transformar 20.000 dólares numa empresa com valor de mercado superior a 200 bilhões de dólares – Piketty levou uma década e meia para concluir seu livro. E que o Facebook desperte mais interesse nos pobres que qualquer obra sobre desigualdade de renda.
Em sua mente, um sistema que premia um jovem sem diploma e conserva na classe média um professor com seus inúmeros títulos (mestre, doutor, pós-doutor), é injusto e tem sérios problemas. Por isso, precisa de um reformador. Quem? Ele, o encastelado na universidade, Thomas Piketty.
Uma das sugestões dadas por Piketty no Brasil para diminuir a desigualdade é um maior investimento no ensino universitário. Como mais recursos para universidades mudará a vida do pobre da caatinga que sequer sabe ler. Mas, para o professor francês seria com certeza muito bom.
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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Em defesa da desigualdade e do luxo

O tema da desigualdade social há muito tempo mexe com a humanidade. Desde os primórdios da civilização o tema mobiliza artistas, filósofos, pseudo-pensadores, políticos, pobres e também os ricos com forte sentimento de culpa. Durante o período da Idade Média, a desigualdade alcançou o status de ordem social, o pilar de sustentação da sociedade feudal. O posterior advento da Revolução Industrial e na sequência o movimento revolucionário do proletariado inverteu as coisas, atribuindo à desigualdade social a origem de todos problemas sociais. É culpa, afirmam, da desigualdade, a criminalidade, a depravação, o ódio, a decadência cultural, até mesmo jovens fazendo rolezinhos em shoppings é culpa da desigualdade.

 O Fórum Econômico Mundial, reunião de ricos e poderosos apresentou recentemente uma lista com os maiores desafios para a humanidade que trazia a desigualdade no topo das prioridades. Um dos maiores best-sellers do momento é um livro de economia, do professor francês Thomas Piketty. O capital no séc. XXI, um compêndio de 700 páginas contra a desigualdade se esgota com impressionante velocidade em todas as livrarias do mundo, transformou-se rapidamente na nova bíblia dos igualitários. Há, então, razões consistentes para defender a desigualdade e o luxo de poucos? Sim, existem. E é disto que trata este texto, sem esgotar todas as razões existentes.

A primeira razão para defender a desigualdade é de ordem prática. Caso, toda a riqueza no mundo fosse igualmente distribuída por toda humanidade hoje à noite. Ao acordarmos pela manhã já estaríamos outra vez desiguais. Pelo simples fato que alguns gastariam a sua fatia do bolo, enquanto outros a poupariam.

Além de impraticável, a repartição de toda riqueza igualmente daria a cada uma quantidade ínfima. Apenas, os extremamente miseráveis teriam algum acréscimo. A razão é que a quantidade de pobres supera em muito os ricos. E, mais importante, a riqueza que existe atualmente no mundo teria seu valor fortemente afetado pela forma como seria dividida. Quanto você daria por pedaços de uma Ferrari? Ou por partes de uma mansão? Uma Ferrari ou uma mansão valem muito mais que a soma de suas partes. Separadas, muitas das partes não teriam valor algum. Qual valor teria o puxador da porta sem a porta? 

A segunda razão é que somente por meio da coerção e repressão poderia ser alcançado e mantido um mundo igualitário. O que eliminaria todos os incentivos que seres humanos possuem para produzir além das suas necessidades básicas. O empobrecimento seria imediato, resultado contrário ao pretendido pelos defensores do igualitarismo. 

Estas razões parecem suficientes. Mas, é importante defender a desigualdade e consequentemente o luxo, por aquilo que eles representam. É preciso entender a real definição de luxo. Infelizmente, as definições difundidas contribuem para um entendimento equivocado. Veja algumas definições retiradas de um dos principais dicionários da língua portuguesa, "1 Magnificência, ostentação, suntuosidade. 2 Pompa. 3 Qualquer coisa dispendiosa ou difícil de se obter, que agrada aos sentidos sem ser uma necessidade. 4 Tudo que apresenta mais riqueza de execução do que é necessário para a sua utilidade. 5 O que é supérfluo, que passa os limites do necessário.". A ideia que se obtém é que o luxo é sempre algo desnecessário. Supérfluo.

Segundo, Ludwig Von Mises escreveu no livro Liberalismo de 1927, o luxo é o seguinte: “Para formar um conceito correto do significado social de luxo, é necessário, acima de tudo, compreender que o conceito de luxo é inteiramente relativo. Luxo consiste num modo de vida de alguém que se coloca em total contraste com o da grande massa de seus contemporâneos.”

Uma diferença enorme separa as duas definições. O conceito dado por Mises revela que o luxo nada mais é que o desejo inerente aos homens de diferenciarem-se na multidão. Pense no garfo que você usa para comer. Durante a Idade Média era considerado um luxo dos nobres. E o automóvel? Era considerado luxo dos muito ricos no início do século passado. Ter banheiro dentro de casa? Luxo há pouco mais de um século. Televisores de tela plana? Um luxo que custava o preço de um apartamento há pouco mais de uma década.

É importante notar, que o que se considera luxo se modifica com o tempo e lugar. O croissant pode ser considerado alimento de luxo em países pobres da África, não se pode dizer o mesmo na França. Banhos diários eram um luxo entre europeus e parte do dia-a-dia dos índios americanos. Os cortes moicano era comum a toda população de uma antiga tribo, se tornaram luxo dos Punks dos anos 70, se transformaram no cabelo da moda para os fãs do futebol. Os avanços e transformações surgem como um luxo de poucos para em seguida tornar-se necessidade indispensável para todos. Das práticas de higiene a remédios e tratamentos que hoje prolongam a vida inclusive dos mais pobres, tudo foi luxo um dia.

A desigualdade e o luxo, longe de representarem um problema para os pobres, são na verdade a principal razão do porque a pobreza hoje em dia é menos dolorosa e mortal que em qualquer outra época. Não fossem a demanda de alguns por luxo, estaríamos vivendo ainda numa condição animalista-mecanicista. Como tenta definir o dicionário, viveríamos apenas do que é “necessário”, ou seja, alimentos, abrigo e roupa. Esqueça o conforto, as obras de arte, as mais belas músicas e mais belos filmes, esqueça tudo aquilo que você considera essencial. De alimentos e hábitos saudáveis ao seu estilo pessoal. Tudo isto foi luxo um dia. Ou dependendo do ponto de vista, é um luxo seu agora.

Desigualdade e luxo são interdependentes. Não podemos perder um sem perder o outro. E ambos direcionam a humanidade para avanços que tem tornado a vida de todos melhor. Pense nisso, a próxima vez que usar sabonetes para lavar as mãos, ou pasta e escova para limpar os dentes.
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