Dentro do tripé, as metas de inflação são talvez o elemento mais importante. Pois, ao mesmo tempo que orienta as ações de governo para o alcance da meta, reduz o impacto da causa mais influente de inflação: a expectativa futura. Todas as causas conhecidas de inflação podem ser combatidas com ações concretas e racionalidade. Mas, a expectativa futura como causa da inflação é subjetiva e está relacionada mais a emoção que a razão.
Quando se cria no meio da sociedade a expectativa de que os preços irão subir, então as pessoas tomarão medidas para antecipar-se ao efeito corrosivo que o aumento de preços exerce em suas rendas. Assim, mesmo que todos os outros fatores inflacionários estejam controlados a expectativa já terá feito o seu estrago e este não pode ser revertido. Daí, a importância fundamental da credibilidade do governo quando age para combater a inflação. A sua ação não pode jamais ser dúbia.
Infelizmente, o governo brasileiro perdeu a credibilidade neste combate. Nos últimos anos a inflação tem superado seguidamente a meta. Em 2013 ficou em 5,91%. A meta para o período era 4,5%, com tolerância de 2,0% para mais ou para menos. Ainda assim, a presidente do país e sua equipe econômica comandada por Guido Mantega afirmaram que a inflação fechou dentro da meta. Ora, ao defender que a meta foi atingida, mesmo quando os números comprovam que não foi, o governo está claramente afirmando para o mercado que o seu governo considera como verdadeira meta de inflação o topo da margem de tolerância. A consequência é que as pessoas e as empresas irão se preparar para uma inflação de 6,5% e não de de 4,5%.
O governo deixa claro que não está compromissado em vencer uma das causas mais básicas de inflação que é a expectativa futura. E, como anda então as ações do governo para vencer outras causas, que dependem fundamentalmente de sua vontade política? Antes de responder, analisemos o cenário atual. O Brasil vive uma situação de pleno emprego, com uma indústria operando próximo de sua capacidade máxima apesar do fraco desempenho nos últimos anos, a demanda aquecida, graças a política de aumento do salário mínimo e o país ainda apresenta carências de infraestrutura que demandarão vultosos investimentos.
Este cenário cria um dilema político e moral. O governo pode cortar despesas reduzindo a pressão inflacionária ou pode colocar o controle da inflação nas costas dos contribuintes. Infelizmente, tudo indica que será o contribuinte a pagar a conta.
O governo poderia reduzir as despesas correntes, trazendo as despesas cada vez mais para dentro da realidade das receitas. Com isto, o governo reduziria a sua necessidade de financiamento, e no médio e longo prazo poderia inclusive reduzir a carga tributária. Infelizmente, o governo atual já deixou claro que não acredita no equilíbrio das contas públicas e crer que o país pode conviver eternamente com despesas maiores que receitas. Note-se que o governo não está atuando para reduzir a taxa para dentro da meta de 4,5%, mas, para impedir que a taxa já alta cresça ainda mais.
Resta, portanto, ao cidadão brasileiro pagar a conta. Isto será feito com o aumento dos juros, que somente nos últimos anos já subiu mais 3 pontos percentuais e elevação da carga tributária. Estes, porém, são os menores dos custos para o cidadão. Como o estado brasileiro é gigantesco e ineficiente, e pretende continuar sendo assim, o único remédio que tem algum efeito é mesmo a redução da atividade econômica que estaria muito aquecida (apesar de crescer apenas 2,5%). Ou seja, já vimos isso antes, é recessão econômica. Em tempo, a atividade econômica caiu nos dois últimos trimestres, o que já se configura em recessão técnica.
A administração procuraria solucionar os dois maiores absurdos nas contas públicas brasileiras. O primeiro diz respeito a despesas maiores que receitas. Todo administrador sabe que esta é uma situação insustentável. É compreensível que em determinados períodos as despesas superem as receitas, isto ocorre em momentos de turbulência econômica, reestruturação, ou investimentos. Mas, são situações eventuais e que precisam ser logo corrigidas. É impensável, uma situação permanente de déficit financeiro, pois, isto leva sempre àquela situação indesejável, a falência.
O outro absurdo na gestão das contas públicas brasileiras, é que o país tem feitos há muitos anos empréstimos para cobrir despesas correntes. É o efeito bola de neve que não para de crescer nunca. Irá solucionar a situação momentaneamente, mas, em algum momento tal empréstimo terá que ser quitado com juros. Mesmo um país, só deveria tomar um empréstimo para realizar investimentos produtivos. Seria aceitável que o Brasil estivesse se endividando para construir infraestrutura, investir no aumento da produtividade, ou em tecnologias, pois, estes investimentos geram aumentando de receita. E é este aumento de receita que deverá pagar o empréstimo e os juros. É sabido, que tomar se endividar para pagar despesas correntes tem o efeito de criar despesas futuras ainda maiores e impossíveis de serem pagas. Sabemos que alguém sempre tem que pagar a conta, e no caso do Brasil, sobra para a população pagar com uma carga tributária sufocante, as mais altas taxas de juros do mundo e inflação elevada.
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