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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Era uma vez um rico que ficava cada dia mais rico e mais pobre

A história de um homem que achava que ficava cada dia mais rico, mas, na verdade estava ficando mais e mais pobre...

Era uma vez um homem que vivia do pouco que produzia em seu pequeno pedaço de terra. Um dia ao cavar o terreno para construir um poço ele fez rojar da terra um grande tesouro: petróleo. A partir daquele momento a sua vida mudou. O homem que sempre viveu do pouco sustento que a terra lhe oferecia agora tinha mais riqueza do que jamais soube contar.

Com tanto petróleo jorrando dia noite sem parar, o homem sentiu que nunca mais precisaria trabalhar na vida. Bastaria extrair a riqueza do chão e contar o dinheiro então. Havia tanta riqueza que ninguém mais na família tinha que trabalhar. Nem os filhos, nem a esposa, nem o homem, nem seus netos.


Era tanto dinheiro, e aquela família que um dia tantas restrições tiveram, demonstraram que sabiam muito bem como gastar. Praticamente, tudo  o que saia do poço num mês, virava noitadas e festas para os filhos, viagens, restaurantes caros e roupas extravagantes para o homem e sua esposa, brinquedos os mais caros para os netos que não duravam uma semana na mão das crianças, jantares luxuosos para a alta sociedade da região.

Um certo dia, um jovem gerente novato foi até o homem ofertar os serviços do banco em que trabalhava. Fora avisado que o homem virava uma fera quando sentia que algum espertinho queria meter a mão na sua grana. O jovem gerente, confirmou os rumores, quando se viu saindo correndo da casa do homem, apenas dois minutos de haver entrado.

Tudo o que o jovem queria era oferecer ao homem a abertura de uma simples poupança, para que quando o petróleo acabasse o homem e a família tivessem o suficiente para manter o seu padrão de vida por um bom tempo. Porém, o homem sentiu-se profundamente irritado em ouvir falar que o seu petróleo poderia acabar, achava que o gerente era um alarmista, um invejoso, um cara-de-pau que torcia contra o homem. 

O homem, contudo, viveu muito pouco para aproveitar toda a sua riqueza. Acometido por uma doença mal curada, o homem viveu até os últimos dias as bonanças que o petróleo trazia. Não viu o que aconteceu a seus filhos e netos. O petróleo começou a diminuir, e foi quando os netos assumiram os negócios da família que o poço secou de vez. 

Os netos do homem viveram assim como seus pais, e seus avós. E quando o petróleo se esgotou nada mais tinham. Chegaram a ir ao banco pedir um empréstimo, mas, o dono da instituição, um idoso que construiu toda a carreira naquele banco, tendo iniciado como um simples gerente de contas de poupança, negou. 

O motivo que alegou era que conhecia a família há três gerações, e não fazia parte das diretrizes do banco emprestar dinheiro para farras e badalações que nada produziam. Sugeriu aos senhores que procurassem um emprego... FIM

A história deste homem é uma analogia do que ainda ocorre no Brasil. 

valor adicionado petroleo e gas e minerio de ferro


Os setores de petróleo e gás e de minério de ferro estão entre os mais importantes da economia brasileira. A tabela acima apresenta a participação conjunta dos dois setores no valor adicionado do setor da indústria de qual fazem parte e do PIB como um todo. 

A exploração de petróleo no Brasil iniciou-se na década de 50, quase na mesma época iniciou a produção de minério de ferro no país. Mas, passados 60 anos o Brasil ainda enfrenta diversas problemas, inclusive de produção, em que somos obrigados a importar combustível. 

Diferente de outros países que obtiveram grandes avanços sociais, principalmente em educação e saúde, no Brasil o cenário ainda está longe disso. A maior parte da riqueza do petróleo no país vai parar nos estados e municípios produtores que aplicam o recurso como querem. Em geral, estas cidades apresentam indicadores sociais piores que a média, em função do alto nível de corrupção provocada exatamente pela abundância da riqueza do petróleo.

Na Noruega e no Chile, a riqueza gerada pela extração de petróleo e do cobre, respectivamente, é destinada a um fundo, que aplica os recursos em investimentos e em retornos para a sociedade, funcionam ainda como poupança nos períodos de turbulência econômica ou de baixa no preço do produto.

Por aqui, isto ainda não existia, e tal qual o homem da nossa história, os recursos eram consumidos em gastos públicos obscuros e ineficientes. Com a nova legislação o governo federal promete destinar os royalties da exploração do pré-sal exclusivamente a educação e saúde. Ainda há dúvidas sobre como se dará o processo e as garantias de que serão realmente investidos nestas áreas, mas, a intenção é muito boa.

O Brasil era um país que agia igual ao homem de nossa história, não se preparava para o dia em que a fonte secaria, os governantes de plantão ficam ofendidos quando são criticados por sua atuação, ao invés de planejarem o futuro. 

Uma legislação que obrigasse a destinar a riqueza do petróleo para educação era necessária. Ao extrair riquezas do subsolo o Brasil não está ficando mais rico. Estas riquezas são finitas, e a cada vez que é extraída o patrimônio brasileiro diminui, ficamos mais pobres.

É caso de se repensar, se estas atividades de extração deveriam ser adicionadas ao PIB. O Produto Interno Bruto é a soma de todas as riquezas produzidas, mas, quando estamos falando de bens extraídos da terra não estamos falamos de produção e sim de consumo. Logo, tais produtos deverão entrar no cálculo do PIB subtraindo, seria mais honesto, pois, mostraria à todos, principalmente às gerações futuras que o Brasil que elas herdarão ficou um pouco mais pobre, haverá menos petróleo e minério de ferro para elas explorarem.

Afinal, a riqueza é produzida, se você apenas coleta o que a natureza te dar, você está apenas consumindo. Portanto, indústrias extrativas, estão na verdade extraindo riqueza da terra, deixando o Brasil cada dia mais pobre, uma vez que tal riqueza não se renova, e depois de utilizada perde o valor.

É bom ver que o Brasil pode está começando a mudar sua atitude com relação ao petróleo. Para que nossas gerações futuras não sofram o mesmo que os netos do homem na história, o investimento em educação irá preparar os nossos netos e as gerações porvir para um futuro sem esta riqueza. Provavelmente até lá, antes mesmo de se esgotar é provável que já tenham perdido o seu valor. 

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