Um país precisa para se desenvolver adquirir conhecimento e experiências suficientes para satisfazer ao máximo a necessidade de seus cidadãos.
Imagine duas crianças, nascidas no mesmo dia e horário em famílias de igual condição econômica e social. Ambas, plenamente saudáveis e com desenvolvimento físico parecido. A única diferença entre elas será na educação que receberá de seus pais.
A primeira é protegida por eles, que tomam todos os cuidados para que ela não corra riscos, ou enfrente problemas que afetem sua saúde física e mental, prometem satisfazer as suas necessidades e fazer o impossível para que ela seja feliz. Eles ainda no berço prometem nunca bater na criança e resolver qualquer problema na conversa.
A segunda recebe dos pais apenas o necessário para viver, casa, alimentação, saúde, roupas, algum lazer e orientação. Eles estimulam a criança a se arriscar e a enfrentar os seus próprios problemas, não são controladores, pelo contrário, permitem à criança brincar e explorar dentro de um limite que não a machuque, mas, muito além do que os pais da primeira criança permitiriam. Nas situações frustrantes para a criança, eles decidem não se intrometer muito além de uma conversa sobre como a vida funciona, e que ela deve aprender a superar seus problemas. E na maternidade afirmam que pretendem nunca bater na criança, mas, não excluem esta possibilidade se perceberem que outros métodos não deram certo.
Pergunta: Qual das duas crianças você acredita que irá se desenvolver melhor para lidar com o mundo na fase adulta?
Afinal, o que é o desenvolvimento?
O Brasil sagrou-se como o país do futuro. Acreditamos e sabemos que temos o potencial para se desenvolver, mas, ainda não conseguimos. Apresentamos melhores nos últimos anos, porém, ainda estamos longe do que consideramos ser o país ideal. Melhoramos na economia e na renda. Porém, a nossa qualidade de vida em outros aspectos como o trânsito nas cidades, a violência, a corrupção, pioraram.
O nosso país tem adotado uma fórmula de desenvolvimento que se assemelha as recebidas pela primeira criança no exemplo acima. Substitua os pais, pelo Estado e verá que é muito semelhante ao que vivemos.
Um país considerado desenvolvido, é um país que oferece a seus cidadãos uma alta satisfação de suas necessidades. Um país em desenvolvimento ou subdesenvolvido é aquele em que a maior parte das necessidades é atendida com baixo nível de satisfação ou de maneira insatisfatória.
Por exemplo, o sistema educacional de um país desenvolvido oferece alta satisfação de nossa necessidade de conhecimento, e nos prepara para nos inserirmos de forma independente na sociedade e no sistema econômico. Por sua vez, o sistema educacional de um país em desenvolvimento oferece um ensino abaixo ou fora das necessidades de seus estudantes e não os prepara para esta inserção na sociedade e na economia.
Desta forma, não existe uma fórmula pronta que possa ser repetida pelo mundo todo. O desenvolvimento é a capacidade que um povo tem de fornecer bens e serviços capazes de satisfazer as necessidades de sua população. E, isto varia de povo para povo. E esta capacidade vem da experiência. Se entregarmos todas as peças necessárias para montar um robô em diversos países, é bem provável que japoneses construam um modelo melhor que o que será produzido em Portugal, por exemplo. Da mesma forma, se entregarmos uma bola de futebol em vários países, brasileiros saberão muito melhor o que fazer com ela, que um americano. Mas, se a bola for de futebol americano eles saberão melhor o que fazer do que nós saberemos.
Ou seja, o desenvolvimento não é algo definido, mas, construído pela experiência. Quanto mais experiência um povo acumula na resolução de um certo problema, maior a sua capacidade de resolvê-lo e atender as necessidades com alta satisfação.
E se os países fossem como as crianças?
Você já decidiu qual das crianças acima estaria melhor preparada para enfrentar o mundo?
Eu penso que é a segunda. Você pode até considerar que a primeira e seria interessante conhecer os seus argumentos sobre isto. Mas, eu fico com a segunda criança.
É claro que nenhum pai ou mãe quer ver o mal do seu filho. Mas, Maquiável em seu livro O Príncipe, tão incompreendido por tantos, nos alertou que aqueles que tentam somente fazer o bem para todas as pessoas, acaba por fazer mal a si e a elas. Neste caso, entenda por bem querer sempre agradar, e por mal o oposto, tomar atitudes que desagradem.
O fato é que se as crianças fossem países, o Brasil com certeza seria a primeira. Acostumados que estamos com o governo trazendo todas as soluções para os nossos problemas.
No longo prazo, países como o Brasil costumam ter um nível de desenvolvimento sempre atrasado em relação a países mais livres, em que o Estado pouco interfere na vida das pessoas. E a razão para isto é simples, quanto menos interferência há do Estado, mas, as pessoas precisam tomar a própria iniciativa para resolver os seus problemas. Erros são cometidos, fracassos ocorrem, nem sempre encontramos a solução mais perfeita. Mas, ainda assim adquirimos experiência.
A experiência é obtida muito mais dos fracassos que dos sucessos. Thomas Edison, um dos maiores inventores de todos os tempos quando criou a lâmpada que transformou a humanidade, falhou mais de 10.000 vezes em seus projetos. O que ele disse sobre isto: "eu não fracassei 10 mil vezes, eu aprendi 10 mil maneiras de como não fazer uma lâmpada".
Agora imagine toda a população de um país, se desenvolvendo desta forma, adquirindo experiências de como fazer e não fazer as coisas. Em pouco tempo, este povo adquire um acumulo de conhecimentos e experiências que o colocam em vantagem sobre países onde o Estado traz a solução para tudo, e consequentemente, o seu povo tende a experimentar e a se arriscar menos.
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