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domingo, 6 de abril de 2014

O que se vê e o que não se vê - I

Há pelo menos 4 anos, o nosso ministro da economia promete crescimentos do PIB que nunca se confirmam. Ele não se contenta, e o Brasil fica a lamentar a ausência de um bom economista cuidando de nossa economia.


Já comentei aqui que estou lendo Frederic Bastiat, um dos grandes filósofos do pensamento liberal. Ele nos ensina que em economia: "um ato, um hábito, uma instituição uma lei, não geram somente um efeito, mas, uma série de efeitos. Dentre esses, somente o primeiro é imediato. Manifesta-se simultaneamente com a sua causa. É visível. Os outros só aparecem depois e não são visíveis. Podemos-nos dar por feliz se formos capazes de prevê-los". Ainda, segundo Bastiat, um mau economista é aquele que se detém no que se vê. O bom economista é aquele atento tanto ao que se vê quanto aquilo que se deve prever. 

E essa é diferença tem grandes consequências. Pois, quase sempre quando o efeito imediato é favorável, logo os seus efeitos posteriores são ruins. E vice-versa. O mau economista quando se dedica a obter pequenos benefícios no presente, está plantando a semente de um grande problema no futuro. No oposto, o bom economista ao buscar bom frutos no futuro, pode ser obrigado a provocar um pequeno mal no presente. 

A milhares de anos aprendemos a lidar com o fogo.
Esta tem sido a história da humanidade. No começo, quando pouco conhecíamos do mundo, não éramos capazes de prever o mal que um ato poderia causar. Foi preciso colocar a mão no fogo para descobrir que queima. Mas, o tempo nos concede dois mestres para ensinar-nos a lição: a experiência e a previdência. A experiência é mais dolorosa, ela nos faz passar por todo o sofrimento de uma decisão errada para sabermos que não devemos repeti-la. Por outro lado, quase sempre é possível contar com o mestre mais delicado: a previdência. Escolhemos ser guiados pela previdência quando observando o que se vê dedicamos esforço para tentar encontrar o que não se vê. 

Uma Presidente economista, e um Ministro da Fazenda economista. Basta? 


Não. Infelizmente, nos dois cargos mais altos do país, temos hoje dois economistas. Mas, como bem definiu Bastiat, dois maus economistas. 

Ainda em 2002, quando os mercados mostraram grande temor com a provável eleição de Luis Inácio Lula da Silva, ele decidiu acalmar a todos lançando A Carta ao Povo Brasileiro, uma declaração de compromisso com as acertadas políticas econômicas do seu antecessor. Para comandar a economia escalou Henrique Meirelles para o Banco Central, um renomado banqueiro com prestígio internacional. E na Fazenda escalou Antônio Palloci, um médico de formação. 

A dupla Palloci-Meirelles surpreenderam o mercado ao aprofundarem a política econômica do governo anterior. Impondo um maior controle fiscal na Fazenda e um combate firme da inflação no Banco Central. O trabalho conjunto de ambos, possibilitou o Brasil construir as bases para o crescimento nos anos seguintes. Havia ali um clima propício para que as reformas previdenciária, tributária e trabalhista, tão necessárias para o futuro do país fossem feitas, e até se iniciou o processo para implanta-las. 

Infelizmente, Antônio Pallocci estava envolvido em suspeitas de ilícitos que o derrubaram do governo. O que é bom no Brasil dura pouco, dizem. E assumiu então, aquele que é hoje, inexplicavelmente, o mais longevo Ministro da Economia brasileiro, Guido Mantega. Durante o governo Lula, Mantega esteve sob controle, não só do próprio presidente, mas, porque a permanência de Henrique Meirelles no Banco Central representava um freio em suas pretensões desenvolvimentistas. 

O desastre então se completou quando a também economista Dilma Rousseff foi eleita presidente da República, e Meirelles depois de 8 anos decidiu seguir outros caminhos. Mantega tratou de pôr no lugar alguém de sua confiança. leia-se que não pudesse se impor aos seus devaneios. Foi alçado então à presidência do Banco Central, Alexandre Tombini. 

Sem um opositor no Banco Central, e com a conveniência de ter uma Presidente alinhada com suas ideias, Guido Mantega começou a impor ao Brasil as suas ideias econômicas. Ideias que são um lixo, por já terem sido comprovadas pela experiência, como tal. Alguns parecem não aprender nunca. 
Dilma e Guido: pena que não está ali a ler Bastiat.

Desde 2011, quando a Dilma Rousseff assumiu Guido tem mandado na economia. Entra ano e sai ano ele nos brinda com uma previsão de crescimento que nunca se confirma. Entra ano e sai ano e nossa economia se deteriora. Em 2014, em apenas 4 anos, o Brasil conseguiu ter sua nota rebaixada pela agência de risco Standard & Poors. 

Guido Mantega e sua chefe são dois economistas definitivamente ruins. Desde que assumiram o governo não se houve falar mais no futuro do país, tudo se resume ao curto prazo, ao PIB do ano seguinte e a próxima eleição. Cegos para prever aquilo que não se vê. Tem implantado uma série de medidas que parecem boas no presente, mas, que deixaram um problema enorme para o futuro, talvez já para o próximo governante. 

Tivessem a dupla, um mínimo de disposição para ler Bastiat, saberiam que não se pode baixar os juros por meio de decreto, pois, dispara a demanda, elevando a inflação. No início deste ano tiveram que voltar atrás, e os juros da Dilma já são maiores do que os que recebeu. Também saberiam que segurar o aumento de tarifas públicas ou baixa-las artificialmente, pode ser bom no presente, mas, é uma bom que se arma, e seu efeito é tão pior quanto mais o tempo passa. O represamento dos preços da gasolinas, dos transportes públicos, da energia, forçará no futuro a um grande aumento de uma só vez, o que será muito mais doloroso do que pequenos aumentos sucessivos. Da mesma forma, saberiam que incentivar por muito tempo a compra de carro próprio, sem investimento semelhante em mobilidade, levaria ao congestionamento de nossas cidades. 

E aí está. Bastiat escreveu seus livros há mais de 150 anos. Sem todos os recursos e conhecimentos que temos hoje, previu aquilo que nosso Ministro da Fazenda e a Presidente da República não conseguem enxergar bem diante de seus narizes. 

E vocês eleitores brasileiros. Estão preocupados apenas com aquilo que se vê ou já perceberam que mais 4 anos desta dupla dinâmica que nada enxerga trará efeitos nefastos para o país? 

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