Como meus amigos conhecem a defesa que faço do livre-mercado acabo recebendo mais indicações de leituras que apontam para a irracionalidade do livre-mercado que para suas virtudes. Recentemente, fui apresentado ao escritor americano Peter A. Ubel, que mistura psicologia com economia para defender a intervenção do governo em nossas vidas.
A Loucura do Livre-Mercado Mais um ataque pró-Governo e contra a Liberdade |
O médico e cientista behaviorista (saiba aqui) Peter A. Ubel é autor do livro Free Market Madness (A loucura do Livre-Mercado), um livro que trata da irracionalidade de um mercado livre de regulações do governo. É ruim comentar sobre um livro que não se leu, mas, em certos casos isto não impede de discutir as ideias nele contida. Ubel, mantem um blog (http://www.peterubel.com/) em que escreve diversos antigos interessantes que misturam a ciência comportamental, economia, política e biologia.
Apesar de merecer atenção por trazer informações sobre a biologia humana e nossa psicologia no que interfere em nossas decisões políticas e econômicas, Ubel, traz aquela visão de que o governo é sempre o mais indicado por resolver os problemas da nossa vida.
É exatamente disto que trata o seu livro, e boa parte de suas ideias publicadas no blog. Os seres humanos são irracionais, portanto, o governo deve intervir com regulações que nos impeçam de agir livremente, o que impediram que tomássemos decisões irracionais, causas das muitas crises econômicas que o mundo atravessa. Especialmente, a de 2008 - uma explicação mais fundamentada sobre a crise de 2008 você encontra neste artigo (clique aqui) -.
Ubel, atribui à insensatez inerente aos seres humanos, a atitude de milhões de pessoas que fizeram empréstimos aos bancos que não poderiam pagar. Segundo, o pesquisador, não devemos esquecer que a parte racional de nosso cérebro está assentado sobre uma estrutura primitiva semelhante a de répteis e chimpanzés. Apesar, de não ter conhecimento que répteis ou chimpanzés tomem decisões estúpidas com maior frequência que seres humanos, a comparação ainda assim parece válida.
Os homens seriam mais irracionais que as mulheres, pois, sabe-se que a testosterona (presente em maior quantidade nos homens) reforça a nossa confiança e reduz nossa hesitação diante dos riscos. Assim, o argumento contra o livre-mercado é que comprovadamente, alguém que vence uma partida de futebol ou lucra alto numa aposta arriscada aumenta a produção de testosterona no organismo, o que eleva mais a sua confiança e reduz a sua atenção aos riscos. É algo realmente relevante para se saber.
Contudo, não sei como isto pode justificar um posicionamento pró-intervencionismo do governo no livre-mercado para frear o "espírito selvagem" dos homens. Ele afirma que o livre-mercado seria contrário à natureza humana. E quem poderá controlar o espírito selvagem do burocratas? Não foi para proteger os italianos das flutuações do mercado que Mussolini implantou o fascismo na Itália? O que seriam medidas para controlar pequenas distorções da economia acabaram por se transformar num Estado Totalitário em que "Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado"?
Os defensores do Livre-Mercado sabem que no longo prazo o mercado se auto-corrige. E quanto mais livre for o mercado, mais rápido é sua auto-correção. Ubel, no entanto, parafraseia Keynes (sempre ele) que afirmou certa feita que "no longo prazo, todos estaremos mortos". É uma visão egoísta do mundo, pois, Keynesianos não tem qualquer problema em prejudicar o futuro das próximas gerações para que a geração atual siga vivendo confortavelmente.
A contradição é que a natureza humana é de fato selvagem. Mas, nos tornamos civilizados com o tempo, porque nos era mais vantajoso a vida em sociedade, do que duelando uns com os outros, ao mesmo tempo em que tínhamos que enfrentar predadores muito maiores que nós. É preciso está imbuído de um amor muito grande pelo Estado, para não perceber que os homens evoluem com a experiência. E que proibições, privações, regulações impostas pelo governo podem evitar excessos, mas, evita também que os homens possam seguir seu processo de desenvolvimento e evolução. Imagine, se pais proibissem suas crianças de saírem às ruas por ser muito perigoso. Logo, a humanidade chegaria ao fim.
Apesar de suas ideias equivocadas, é interessante a parte do seu trabalho que trata das influências biológicas em nosso comportamento. Penso, que a medida que quanto mais nos conhecermos, mais poderemos evoluir e evitar cometer erros. É interessante saber que meu discernimento fica cada vez menor à medida que vou conseguindo bons resultados. É importante, para que eu possa me controlar no futuro, sem necessidade de que o governo imponha uma lei que impeça a mim e a todos os demais de sermos o que somos: Seres humanos.
P.S.: Detratores do livre-mercado são contraditórios na essência. Porque o livre-mercado é imperfeito e feito de distorções que pesquisadores como Ubel podem construir toda a sua carreira, elaborando teorias e ideias que limitem a liberdade do mercado. Fosse o mercado intrinsecamente perfeito, ele e vários de seus pares, não teriam onde trabalhar.
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