No post anterior demonstramos que a intervenção do Estado na economia além de criara distorções no mercado resulta em atraso do desenvolvimento do país, ao criar uma iniciativa privada sem iniciativa, dependente do Estado, ineficiente e pouco inovadora. Abordemos agora como a intervenção econômica do governo resultou num Estado gigantesco que tira competitividade do país e se configura em verdadeiro entrave para o desenvolvimento nacional.
Retomemos a situação da participação do Estado na criação do capitalismo brasileiro. Como falamos, no início do século passado o Brasil não possui uma formação social capaz de por si criar as condições e os meios para o desenvolvimento do capitalismo nacional. A ausência de uma poupança privada, condicionou a necessidade da intervenção estatal. O Estado era o único capaz de através da poupança pública acumular o capital para realizar os investimentos necessários. Para tanto, o governo poderia recorrer a dois expedientes: cobrar impostos da população e contrair dívida para financiar empresas e obras de infraestrutura.
De toda forma, quando o Estado atua ativamente na economia os custos de tal atuação são socializados, uma vez que os recursos utilizados são oriundos de impostos cobrados de toda a população. Este já seria um motivo razoável para que a participação do Estado fosse limitada a situações extraordinárias. E as situações extraordinárias aceitáveis são aquelas em que a iniciativa privada nacional fosse capaz de atuar e não houvesse no exterior quem pudesse suprir a oferta de determinado bem ou serviço.
No Brasil, quando da implantação da política de substituição de importações, um marco da industrialização brasileira, criou-se uma porta que permitia ao Estado entrar na economia, mas, nunca houve um caminho pelo qual ele pudesse sair. As gerações ufanistas que se seguiram ampliaram a participação do Estado na economia associando a intervenção estatal à soberania nacional. Fomentou-se então um caldo ideológico e cultural que transformava opositores do intervencionismo em entreguistas, colonizados, alienados. O processo que começou na era Vargas, expandiu-se com o plano de metas 50 anos em 5 de JK, e durante a ditadura serviu de meio para legitimação dos militares como guias do rumo da nação, especialmente com o milagre econômico brasileiro dos anos 70.
Não se considera aqui a presença do Estado na economia de todo ruim. Na ocasião da formação do capitalismo brasileiro era necessárias e indispensável a participação do Estado, contudo, este deveria uma vez estabelecidas as condições, executar sua saída. Infelizmente, o único modo de fazê-lo é através da privatização, outra palavra abolida do dicionário nacional.
A privatização no Brasil ficou estigmatizado depois da década de 90. O modelo implantado na ocasião foi ao estilo de economistas. Os mesmos que agora rebatizaram o modelo de concessões. Ainda que a saída do Estado de setores da economia em que sua presença ativa não se faz necessária seja louvável, o modelo se proposto por administradores seria de um resultado muito melhor. O modelo implantado e que ainda vigora no Brasil é o de privatização por meio de leilões. Estabelece-se um preço definido pelo Estado, então grupos econômicos financiados quase sempre por recursos do próprio Estado fazem lances, ate definir-se um vencedor. É um modelo que socializa os custos e concentra o capital nas mãos de poucos.
A presença de um administrador no governo tornaria o processo de privatização muito mais eficiente, com resultados benéficos para o Estado, a economia e a população. E talvez, o brasileiro não fosse tão avesso a privatizações. O meio mais adequado para privatizar uma empresa pública é o mercado de capitais, vendendo ações da empresa na Bolsa de Valores. O processo permite que qualquer cidadão possa investir, tornando-se assim dono da empresa. O Estado pode recuperar os investimentos feitos na empresa, e a depender do mercado pode obter retornos maiores ao valor investidos. A empresa privatizada seria então de vários donos, em sua maioria pequenos investidores minoritários e não de apenas dois ou três grupos empresariais. Os custos para o contribuinte também seriam muito inferiores, uma vez que não haveria do Estado financiar com empréstimos subsidiados os compradores da empresa. Sem contar com as facilidades do governo e precisamos satisfazer a vários investidores, a empresa privatizada precisaria ganhar eficiência e competitividade o mais rápido possível. Estava então criada a base para a criação de riqueza e, ao mesmo tempo distribuição de riqueza.
O grande obstáculo para que o modelo de privatização. seguindo princípios da administração encontra está na disposição do governo para cumprir todas as etapas necessárias para efetuar uma oferta pública de ações. Seria necessário sanear a empresa, implantar processos de governança corporativa e ajustar as contas antes de lança-las ao mercado. Como administradores são preteridos na administração pública brasileira, seria difícil encontrar pessoas capacitadas para fazê-lo. Assim, o leilão é o modelo mais prático, pois, transfere-se o ativo juntamente com todos os seus problemas para grupos empresariais, e como muito provavelmente nenhum grupo empresarial se aventurará a investir numa empresa mal administrada, oferece-se subsídios e financiamentos camaradas para atrair investidores que tem muito pouco de ousadia e iniciativa, e muito faro de esperteza e senso de oportunidade.
A presença do Estado na economia se faz necessária em certas circunstâncias. Porém, vencidas tais circunstâncias é recomendável a sua saída de cena. A intervenção do Estado na economia cria distorções, trava o desenvolvimento e a longo prazo reduz a eficiência geral da economia. A privatização tornou-se um estigma no Brasil, e há razões para tanto, quando se observa o modelo utilizado no país: transferência de ativos públicos a um pequeno conjunto de grupos empresarias, concentração de patrimônio na mão de poucos, e alto custo de atração de investidores através da concessão de financiamentos subsidiados. A administração tem então um modelo muito mais simples e eficaz: desconcentração do patrimônio com a oferta pública de ações, o Estado pode obter retorno dos investimentos feitos, baixo custo para o Estado, uma vez que os próprios novos investidores serão responsáveis por financiar a empresa.
É cada vez mais evidente, a falta que administradores fazem no desenvolvimento do Brasil.
A linha tênue do Estado empresário.
O Estado na economia: Um entrave ao desenvolvimento
O controle da inflação num país descontrolado
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