Ainda dando sequência aos posts sobre liberdade econômica traçamos agora um paralelo entre a liberdade econômica e a liberdade política.
A liberdade econômica e a liberdade política possuem uma relação de precedência. Mas, quem precede quem? É preciso ter liberdade econômica para haver liberdade política ou vice-versa? A questão é um pouco mais complexa. O nível de liberdade política em um país depende de uma séria de fatores e conjunturas entre os quais, o nível de liberdade econômica é sem sombra de dúvida o que tem maior peso. Mas, não podemos desconsiderar outros elementos como fatores culturais, história política, e eventualidades que possam abalar as estruturas sociais de um país.
Os opositores da liberdade econômica afirmam que alguns dos países mais liberais do mundo atualmente são também os que oferecem menor liberdade política aos seus cidadãos. Contudo, além de se tratarem de dois casos isolados, é preciso deixar claro uma coisa: não existe relação quantitativa direta entre as duas liberdades. Ou seja, um pais que seja 100% livre economicamente não será obrigatoriamente 100% livre politicamente, exatamente em função dos fatores acima citados.
Observemos o Chile. Em 1975, sob a ditadura de Augusto Pinochet, o Chile possuía notas de liberdade política 7 para direitos políticos e 5 para direitos civis (7 indicação ausência de liberdade política e 1 representa o maior nível de liberdade). Neste ano, o então ditador colocou no poder os Chicago Boys, grupo de economistas neoliberais que implantaram uma profunda reforma econômica no país. O que demonstra que um país dependendo das condições em que se apresenta pode ter liberdade econômica e não ter liberdade política. Naquele ano, o Chile tinha uma liberdade considerada inferior à brasileira, nos dias atuais os chilenos gozam de uma liberdade política (bem, como liberdade econômica) superior a nossa (vide a tabela neste post).
Analisemos a tabela comparativa. Observação para as abreviaturas na coluna status: L - Livre / PL - Parcialmente Livre / NL - Não Livre (clique na imagem para ampliar)
É preciso fazer uma ponderação. Hong Kong é um caso particular. A ilha era controlada pelo Reino Unido até 1997, quando num acordo diplomático passou para o controle da China. Apenas, uma condição foi exigida, a China não poderia intervir na economia de Hong Kong que já era à época uma das mais livres do mundo. Portanto, neste caso específico, o nível de liberdade política diz propriamente a China.
A tabela traz apenas um recorte dos países, mas, permite tirar algumas conclusões:
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Relação entre a liberdade política e a liberdade econômica. |
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Correção: os valores da coluna do meio são 70%/30%/30% |
Os países com maior liberdade econômica são os mais livres politicamente, o nível de liberdade cai à medida que o nível de liberdade econômica diminui. O que indica que ainda que haja exceções a regra se confirma.
A conclusão que se chega é que a liberdade econômica exerce forte pressão para as liberdades políticas. A China ver como um dos seus principais dilemas para o futuro como seguir aumentando a liberdade econômica sem desestabilizar o sistema político de partido único. É preciso notar também, que reformas liberalizantes na economia costumam ocorrer em velocidade superior às reformas civis. Observando a história de vários países, percebe-se que a liberdade econômica vem quase sempre primeiro que a política.
Os argumentos contrários à liberdade econômica como precursora de outras liberdade perdem força diante dos fatos. Por que a liberdade política é sempre menor nas regiões de menor liberdade econômica? É possível imaginar um cenário em que as pessoas teriam todos os seus direitos civis e políticos assegurados, sem que tivessem qualquer poder econômico? Observando para dentro do Brasil, é possível observar que as regiões mais pobres são também aquelas mais atrasadas na garantia de direitos civis aos seus cidadãos. A figura do Coronel dos sertões nordestinos que se impunham na base do seu poderio econômico local rearfimam os fatos.
Assim, concluímos essa primeira série de posts sobre a liberdade econômica e seus efeitos sobre o desenvolvimento humano, político e econômico.
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