Os administradores no Brasil sabem que a sua participação no processo de elaboração de explicações e métodos para o desenvolvimento do país são ignoradas. Apesar, de termos ultrapassado o curso de Direito e sermos atualmente o curso superior com o maior número de alunos matriculados e o que mais forma, ainda continuamos numa posição irrelevante em termos de influência nos rumos do país. A nossa voz é ofuscada quase sempre por nossos colegas economistas, sociólogos, cientistas políticos, educadores, médicos e advogados, categorias profissionais que não têm entre seus objetivos a criação de riqueza e o desenvolvimento de nações.
Para tornar mais clara a situação, vejamos os gráficos a seguir: (clique nas imagens para ampliar)
Até o ano de 1956, quando o médico mineiro Juscelino Kubitschek foi eleito, a presidência do Brasil era revezada entre militares e advogados. Após Juscelino, advogados e militares voltaram a se revezar no comando do país até a eleição do jornalista Fernando Collor de Mello, seguiu-se então um engenheiro, um sociólogo, um metalúrgico e nossa atual presidente uma economista.
Agora observe os dois gráficos a seguir: (clique nas imagens para ampliar)
Os três gráficos comprovam que os administradores não estão na liderança das discussões sobre o desenvolvimento do país. Mesmo no comando das grandes empresas a nossa presença é tímida. As profissões que mais se destacam no comando do país são advogados e militares. Talvez por isso, o Brasil seja um país tão pródigo na criação e modificação de leis, imperando aqui a cultura de que problemas velhos são resolvidos com leis novas. No comando das grandes empresas as áreas de destaque são economistas e engenheiros. Entre o grupo de engenheiros muitos complementam sua formação com cursos de MBA (Master Business Administration).
Uma das razões para que o administrador não ocupe uma posição de maior destaque deve-se a uma falha de formação, uma vez que as escolas dão muita pouca enfase no engajamento político de seus membros. Os nossos estudantes passam muito tempo estudando a importância da hierarquia nas organizações e a necessidade de obedecê-las. Em contrapartida, somente agora os melhores de cursos de Administração do país começam a dedicar maior tempo para a formação de líderes. O estudo da liderança é ainda incipiente no currículo e levará alguns anos até que administradores saiam das faculdades prontos para liderar processos de transformação no país.
Existe ainda um aspecto de ordem educacional e ideológica para a pouca participação de administradores em discussões sobre o desenvolvimento brasileiro. Administradores receberam o estigma de estarem preocupados tão somente em ganhar dinheiro, maximizar lucros, explorar mais-valia, etc. Na mente da maioria das pessoas, todos os que decidem aprender a ciência da administração tem como única meta na vida ganhar dinheiro. E num país, que abomina o lucro, creditando a este a maior parte dos nossos problemas, isto se torna mais uma barreira. Unindo a formação ainda precária em liderança, os administradores acabam renegados sempre a posições de subcomando, servindo a líderes cuja formação muitas vezes é estranha para nós.
A maior presença de administradores nas posições de comando do país, como ministérios e chefes de executivos, aliado ao foco maior na formação em liderança de nossos estudantes de administração é o caminho a se trilhar para que o Brasil possa contar com as nossas valiosas contribuições para finalmente alcançar o status de nação desenvolvida que tanto almejamos. Nos próximos posts da série mostraremos o que poderia ser mudado no Brasil se administradores estivessem no comando deste país.
Evidencia da necessidade de administradores para o desenvolvimento do Brasil
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