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terça-feira, 11 de março de 2014

A FIESP é o símbolo do que há de mais atrasado no capitalismo brasileiro.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo evocou para si a fama de reunir o capitalismo brasileiro. Mas, a verdade é que a instituição à imagem de seu presidente Paulo Skaf representa o que há de mais atrasado em nosso pseudo capitalismo: O Capitalismo de Estado.


A FIESP há muito se transformou em cabo eleitoral do eterno candidato a governador Paulo Skaf. Sempre alinhado com o governo federal, atua como uma espécie de avalista das políticas econômicas do governo, as mesmas que fazem do Brasil o país do futuro, e apenas do futuro. 

Basta observar o posicionamento da FIESP diante dos desafios econômicos brasileiros para perceber o quanto ela é defensora de tudo que nos mantém isolados e atrasados com relação ao resto do mundo. 

Em julho de 2011, o diretor do departamento de pesquisa e estudos econômicos, Paulo Francini, criticou o câmbio que naquele momento atingiu o seu menor patamar desde 1999. O câmbio incomoda tanto a economia nacional, exatamente porque somos pouco competitivos. Nossas empresas, devido ao custo Brasil é incapaz de competir com empresas internacionais, e precisa do artifício do câmbio para ter alguma competitividade.

A FIESP deveria ser a maior incentivadora do câmbio livre, como forma de melhorar a produtividade das indústrias nacionais, com aquisição de máquinas e equipamentos mais modernos. Deveria atuar também para tornar a nossa indústria mais competitiva, aumentando o seu grau de inovação e lutando para reduzir os males que tornam o custo Brasil tão elevado. Porém, prefere seguir o caminho inverso.

Em fevereiro deste ano, a instituição tornou pública a sua insatisfação com mais um aumento na taxa selic, que voltava aos níveis do início do mandato de Dilma, 10,75%a.a. Acontece que a alta dos juros é talvez o único acerto da atual equipe econômica. A alta nos juros é justificada exatamente para segurar a inflação que a cada ano ameaça estourar o teto da meta, impedida pela desastrosa política de congelamento de tarifas públicas (chora Petrobrás). Se ela está subindo agora, é porque no passado quando Dilma baixou na marra os juros, com apoio da FIESP o fez de improviso, sem realizar as mudanças necessárias para sustentar os juros neste nível mais baixo.

O próprio Skaf, em novembro do ano passado, quando criticou a elevação da taxa a 10%a.a. a época apontou o caminho das pedras para os juros voltar a cair: "maior controle dos gastos, mais investimento público, e mais concessões".

Acontece, que a própria FIESP vai no caminho oposto daquilo que prega. Em outubro de 2012, Paulo Skaf teve um encontro pessoal com a presidente Dilma, em que se colocou inteiramente à disposição para em conjunto com ela aprovar no congresso a MP579 (falaremos dela mais profundamente em outro post). A eleitoreira e demagógica MP 579 é aquela que baixou o preço da energia, também na marra. O grau de improviso foi tamanho que o preço da energia já voltou a subir, principalmente para as indústrias que Paulo Skaf defende. 

E o setor elétrico que era um dos mais bem estruturados do país e por isso considerado um dos mais seguros da Bolsa de Valores, precisou voltar aos velhos tempos em que necessita ser socorrido pelo Tesouro Nacional. A conta já esta na casa dos R$12 bilhões. Alguém precisa avisar ao Skaf que com estes sangramentos dos cofres públicos, não tem juros que caia.

O presidente da FIESP é daqueles capitalistas de esquerda que acreditam que a economia é um jogo de soma zero. Para uns ganharem outros tem que perder. Talvez por isso, recentemente foi lançado o jurômetro (www.jurometro.com.br). É uma conta que calcula quanto o país já pagou de juros no ano, e o que daria para ter feito com estes recursos. No momento, o que foi pago daria para construir 30mil km de ferrovias, colocar 33 milhões de crianças na escola, ou construir 1,2 milhão de casas populares. 

A indignação da FIESP de Skaf é que este dinheiro, que aumenta sempre que os juros aumentam está indo parar, segundo suas declarações, nos bolsos de rentistas, que ganham dinheiro sem esforço. O que precisam avisar também ao Paulo Skaf é que os estímulos econômicos, as desonerações de impostos, e as muitas benesses pelas quais ele tanto briga tem um custo, e o dinheiro precisa sair de algum lugar. Como ele demonstrou determinação para derrubar o aumento do IPTU em São Paulo, sabemos que ele contra o aumento dos impostos. Sobra então bater na porta destes tais rentistas, que financiam os privilégios que ele tanto defende.

Outro personagem da FIESP de destaque é o truculento Benjamim Steinbruch presidente da CSN. Aquele que acusa os neoliberais de estarem impondo uma política econômica conservadora no país. Como a caneta que manda em nossa economia está nas mãos de Dilma Roussef e Guido Mantega há anos, seriam eles os neoliberais conservadores brasileiros? É uma piada, com certeza é piada. Em seu artigo de hoje na Folha, Steinbruch afirma que ao invés de subir os juros, o governo precisaria dar mais estímulos para a economia. Ele já defendeu o governo no passado exatamente por estar dando estímulos. Ou seja, para este gigante da indústria nacional o problema é que não houve estímulo suficiente. Mais uma piada. 

O capitalismo brasileiro representado por figuras como Paulo Skaf e Benjamim Steinbruch é o suficiente para entender nossos vôos de galinha. São homens que se dizem em luta pelo Brasil e o povo brasileiro, mas, que na prática só estão cada um com seus objetivos lutando por si próprios. Skaf, que desconheço de qual ramo da indústria ele se origina, sonha com a carreira política, até aqui uma nulidade eleitoral. Steinbruch, acha que o governo deu pouco estímulo para a sua Companhia Siderúrgica Nacional, quer sempre mais. 

Será ótimo, o dia em que estas figuras tiverem neoliberais (ou basta, liberais) de verdade comandando a economia deste país para criticar. 

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