Porque não saber não é desculpa. Ou, não saber é uma dos erros mais vergonhosos de um líder.
Imagine a situação. O verão está chegando e você e toda a sua família estão procura de um passeio para as férias de fim de ano. Um tio sugere um passeio de barco pelo mar, todos concordam, e ele inicia os preparativos. Chega o grande dia. A família toda embarca, você, seu cônjuge, seus filhos, primos, irmãos, avós, sogros, tios e alguns amigos muito próximos. A viagem segue tranquila e divertida, todos felizes com o passeio, e agradecendo ao tio pela grande ideia.
Após algumas horas de passeio, vocês começam a achar estranho, estão há horas no mar sem chegar a lugar algum. O tio corre para o piloto e pergunta o que está havendo, eis que ele responde: "- Estamos perdidos. Os computadores da embarcação falharam. E eu não sabia que precisaríamos de um mapa. Por isso, não trouxe um." O tio volta e revela a situação. O que era diversão se transforma em pânico.
E, passadas mais algumas horas, a embarcação pára de vez. O motor estourou. E o que era desespero, começa a se transformar em tragédia. Toda a sua família está a deriva no meio do mar e não há nada que possam fazer. O tio alega que não sabia que o piloto contratado era irresponsável e a embarcação tinham defeitos. O piloto continua alegando que não sabia que precisaria de um mapa. Quando questionada, a empresa dona da embarcação alega que não sabia que ela apresentava defeitos. E, você olhando para seus filhos, sua família e amigos, reflete, "não saber não salvará as nossas vidas".
Este é apenas um exemplo, para demonstrar que não saber não é desculpa para um líder. Pelo contrário, é um dos erros mais vergonhosos, pois, indica que o líder no fundo, não está liderando nada.
Durante os 11 anos de governo petista, a regra nº 13, "eu não sabia" já foi utilizada inúmeras. As mais emblemáticas, porém, foram no escândalo do mensalão, usada pelo presidente Lula, e agora, em 2014, pela presidente Dilma, no caso da refinaria de Pasadena.
Ao vir à tona, os detalhes do caso que já era absurdo desde o início, a Presidente emitiu uma nota de próprio punho alegando que não sabia das clausulas do contrato. E que tomou a sua decisão baseada num relatório "técnica e juridicamente falho" que omitia as tais clausulas.
A justificativa é aceitável, pois, o conselho que aprovou a compra era composto de diversos outros participantes. Mas, como no caso, da família a deriva acima isto não muda nada. A menos que fique comprovado que o relatório utilizado foi deliberadamente modificado, é realmente de se questionar que um conselho composto por 10 pessoas não tenha atentado para o risco do negócio.
Independente de qualquer fato, o "eu não sabia" nunca pode ser utilizado por um líder como justificativa. Simplesmente, pelo fato, de que a atitude gera prejuízos e alguém precisa ser responsabilizado por isto. No caso da família, o fato do tio, do piloto, ou da empresa não saberem, não muda o fato de que uma tragédia iminente pode ocorrer. No caso, da Petrobrás, o prejuízo foi de US$ 1,3 bilhões. Alguém precisa pagar por este prejuízo.
O caso da refinaria de Pasadena, tem ainda outro componente mais grave. Em 2008, a Astra entrou em litígio com a Petrobrás, e devido ao contrato assinado a empresa brasileira foi obrigada a comprar os outros 50% pertencentes a Astra, por outros US$800 milhões.
A presidente ficou sabendo na época da tal clausula oculta, e ainda que pudesse alegar anteriormente desconhecer, ao tomar conhecimento nada fez. O suposto responsável por alterar o documento utilizado pelos conselheiros da Petrobrás para tomar a decisão, Nelson Cerveró não foi punido. E não apenas isto, em 2012, já no mandato de Dilma ele foi transferido para o cargo de Diretor Financeiro da BR Distribuidora.
Ora, se não sabia anteriormente, estava errada. Se sabia, também. Ao tomar conhecimento em 2008 nada fez, estava errada. E ao nomear, aquele a quem agora responsabiliza para outro cargo em seu governo, errou ainda mais.
Não podemos aceitar que prospere no Brasil o "eu não sabia" como justificativa. A própria legislação brasileira desde 1942 veda o argumento de desconhecer um fato para evitar a culpa. No artigo 3º do Código Civil diz-se: "Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece". Não há porque aceitarmos que esta máxima não se aplique em outras áreas da vida.
A emersão destes fatos na Petrobrás, além do caso da refinaria de Pasadena, há ainda o esquema de propina feito por uma empresa holandesa, os resultados ruins da estatal, inclusive com queda de produção, são o preço que o tempo está cobrando do aparelhamento da estatal pelo governo petista. Durante muito tempo, a Petrobrás serviu para que o PT fizesse campanha política, agora é hora de pagar a fatura.
E, por tabela, fornecem mais um argumento em favor daqueles que defendem a privatização e o fim do intervencionismo do governo na economia.
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