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domingo, 9 de março de 2014

Itapetinga e Azaleia: O que há no caminho das empresas.

Encerrando as análises sobre a relação entre Itapetinga e Azaleia. Leia os outros posts aqui, aqui, aqui e aqui


As análises que tenho feito focam no esgotamento do modelo de desenvolvimento de Itapetinga baseado na Azaleia. Não se trata de afirmar que a cidade não sofreria se a fábrica fosse embora. Mas, de apontar que o futuro não está mais atrelado ao futuro da empresa. O que irá ocorrer na cidade em seus próximos anos, e o que irá determinar até que ponto Itapetinga irá crescer e se desenvolver depende no momento muito mais da performance das empresas locais, do que de estímulos externos. 

Afirmei em posts anteriores, que o impacto de uma melhora na situação da Azaleia, ou mesmo a atração de outras grandes fábricas, seria bastante reduzido comparado ao impacto ocorrido no passado. 

Atualmente, o desempenho de Itapetinga é afetado muito mais pela perda de receitas para cidades como Vitória da Conquista e para compras na internet. Ou seja, o aumento da renda provocado pelo aumento de empregos na fábrica, tenderia a fluir com mais força para Conquista do que ser empregado em nossa cidade. Apontei algumas razões aqui.

As empresas locais precisarão passar por um processo de melhora em sua oferta de produtos e serviços, aliado à queda no preço da maioria das coisas vendidas aqui. Este não é processo simples de ser aplicado, pois, tende a exigir maior investimento e melhor critério na aplicação de recursos.

O risco de se fazer negócio em Itapetinga aumentou, e com ele aumenta a necessidade de termos empresas melhor administradas, que apliquem técnicas e conhecimentos modernos e efetivos de administração. 

Acabou o momento em que bastava abrir uma loja, colocar produtos na prateleira e aguardar o cliente comprar. O cenário atual exige maior sofisticação por parte das empresas, melhores controles, planejamento, e processos mais eficientes. 

No post anterior, apontei a necessidade de reduzir o preço dos produtos e serviços na cidade, para se livrar da péssima fama de cidade cara, que prejudica os negócios locais. Para tanto, não depende apenas da vontade individual do empresário de baixar o preço, é preciso que seu negócio melhore a eficiência, reduzindo custos para permitir uma queda nos preços. 

Ao realizar entrevistas para elaborar o IEEI, aproveitamos para realizar uma pesquisa paralela sobre o nível de profissionalização em gestão dos empresários locais. O resultado foi que apesar de 100% dos entrevistados apontarem ser necessário cursos sobre gestão de negócios. Apenas uma pequena parte havia feito tais cursos, e poucos foram capazes de citar qual curso havia feito. Mais, entre todos os entrevistados até o momento, apenas duas empresas possuíam entre seus gerentes administradores formados, na verdade, nas duas empresas, os responsáveis ainda estão cursando a faculdade de administração.

A falta de preparo em administração acaba por limitar o grau de desenvolvimento e crescimento de uma empresa. Observamos que a maioria das empresas entrevistadas até o momento são gerenciadas com base nas experiências do proprietário, ou sua formação em outras áreas do conhecimento. Por exemplo, a formação superior em computação, será realmente importante para quem deseja montar uma empresa que atue com computadores, o que não significa que este conhecimento será suficiente para gerir uma empresa. 

Um outro aspecto de empresas baseadas apenas na experiência de seus donos, é que elas estão limitadas às situações vividas pelo dono, e portanto, estão sempre apoiadas em acontecimentos passados. No entanto, o nível de competição no mercado é tamanho, que as empresas mais competitivas são aquelas que estão sempre antecipando o futuro. Obviamente, sem desprezar a experiência.

Os primeiros passos para as empresas de Itapetinga neste novo cenário econômico.


As primeiras transformações básicas, que as empresas de Itapetinga precisarão aplicar em seus negócios para se adaptar aos novos tempo são: planejamento, qualidade do atendimento e diferenciação. 

Uma empresa não se resume a comprar produtos por R$1 e revender por R$2. Vender por um preço maior que o custo é tão básico que não merece consideração. Uma empresa, porém, possui muitos outros elementos que precisam ser administrados, apenas para citar alguns: mão-de-obra, fornecedores, aluguel, contas a pagar, financiamento, imagem, comunicação e propaganda, preço, impostos, taxas, atendimento, concorrentes e lucratividade. Muitos outros poderiam ainda ser apontados, 

É a capacidade da empresa de exceder-se em cada um destes aspectos que determinam o seu grau de competitividade num mercado. Uma empresa é mais competitiva quando torna-se capaz de oferecer mais para o seu consumidor cobrando menos. E, para isto, é preciso que aloque os seus recursos (dinheiro, mão-de-obra, tempo, etc.) da forma mais eficiente possível.

O primeiro passo para a eficiência é o planejamento. Nenhuma empresa deveria ser criada sem um planejamento prévio, no entanto, é o que observamos por aí no mercado. Um planejamento permite que uma empresa se antecipe aos movimentos futuros do mercado, se preparando da melhor forma para aproveitar as oportunidades, e para se defender na dificuldade. 

Uma empresa sem planejamento, e notamos que é uma característica em várias das empresas entrevistadas está sempre olhando para o retrovisor, para o passado. Ou seja, são empresas que estão sempre a um passo atrás do mercado, apenas reagindo a suas oscilações. Em geral, estão sempre atrasadas na hora de aproveitar o crescimento da economia, ou demoram muito para se reajustar quando as coisas começam a piorar. 

A empresa planejada por sua vez se antecipa ao mercado, podendo aproveitar os bons momentos em toda a sua duração, e já estarão preparadas para o momento de piora do cenário.

O segundo aspecto, diz respeito à qualidade do atendimento. Num mercado tão competitivo como o de Itapetinga, em que os produtos e serviços oferecidos são muito parecidos é no atendimento e no serviço prestado que está a diferença entre uma empresa que vende da que não vende. 

Observe que o consumidor quando compra um produto, está adquirindo mais do que aquela peça pela qual pagou. Ele está comprando também o serviço de sua empresa, o atendimento prestado, a imagem que você tem no mercado. 

Por fim, a diferenciação será um elemento essencial para lidar com o novo cenário econômico que se põe diante de nossa cidade. Em uma série de ramos de atividade há um excesso de oferta, a maioria de produtos parecidos, que se diferenciam apenas pelo preço. 

Num mercado em que as ofertas são muito parecidas, ser reconhecimento pelo consumidor é uma vantagem competitiva inestimável para qualquer empresa. 

A realidade que agora se apresenta para  Itapetinga, impõe uma mudança de postura diante do mercado. Continuar fazendo apenas o básico irá limitar a capacidade da cidade crescer e se desenvolver nos próximos anos. A Azaleia já ofereceu a sua contribuição para a cidade, permitindo a criação de uma base econômica que credencia Itapetinga a postular vôos maiores. O próximo passo, porém, não pode ser dado por um agente externo, é preciso que a cidade atinja um novo patamar de desenvolvimento, que somente poderá ocorrer através de suas empresas e seus habitantes. Não existe cidade desenvolvida sem empresas desenvolvidas.

Leia os outros posts da série aqui, aqui, aqui e aqui. Deixe o seu comentário.

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