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domingo, 30 de março de 2014

Os benefícios da desigualdade de renda.

Não é comum você encontrar um texto sobre os benefícios da desigualdade de renda. Sim, a desigualdade é boa, principalmente para os mais pobres. Leia e reflita.


É um mantra. Quando os opositores se propõem a discutir os problemas do Capitalismo é quase certo ouvir falar em desigualdade de renda. Sempre se compara o mais rico com o mais pobre, e então se chega a conclusão que poucos têm demais e muitos têm de menos, e que isso é um problema a ser enfrentado.

Não vou tratar aqui das causas da desigualdade, fica para outra oportunidade. Tampouco, será neste texto que irei apontar que não é o sistema capitalista que provoca a desigualdade, mas, uma longa série de fatores que atingem cada indivíduo de modos diferentes.


Este texto é para mostrar que a desigualdade de renda é necessária, e os mais pobres se beneficiam muito dela. Para ilustrar o que estou falando usarei o caso do Televisor, este aparelho tão especial na vida dos brasileiros. 

Foto: Da válvula ao 3D: os 60 anos da Tv no Brasil. Portal Terra

A transmissão de TV começou a operar no Brasil em 18 de Setembro de 1950. De lá para cá se vão quase 64 anos e muita coisa mudou. Do televisor de tubo preto e branco e sem controle remoto para televisores de altíssima definição, que gravam e se conectam a internet. A evolução da imagem dos televisores é tanta, que certa vez, em um festival de música que fui do ponto em que eu estava era mais interessante acompanhar o espetáculo pelo telão que a imagem ao vivo. 

A evolução dos aparelhos a partir dos anos 2000 acelerou rapidamente. O televisor de tubo finalmente perdeu o seu espaço e cedeu lugar para os aparelho de tela fina. Nos acostumamos a escolher não apenas a marca do aparelho, mas, o tipo: Plasma, LCD, LED, OLED. Foram adicionadas ainda outras funcionalidades como aparelho com ou sem Smart Tv, Invisible screen, diferentes tipos de entradas HDMI, VGA, USB, e resoluções, Full HD 1080p, Ultra HD ou 4k. Televisor ideal para quem gosta de esportes, para quem gosta de video games, ou para quem só quer ver a novela . Uma infinidade de inovações que dão a todos o benefício da escolha e a oportunidade de satisfazer melhor as suas necessidades. 

Invisible Screen.

Mas, retornemos ao assunto desigualdade de renda. Quando os primeiros aparelhos de TV com tela fina chegaram ao mercado ele possuía um preço proibitivo, chegando a custar o mesmo que uma casa ou um carro importado. Havia no mercado televisores de R$40mil a R$60mil. E quem poderia pagar por estes aparelhos? Ora, os muito ricos. Os mais pobres tinham que se contentar com as velhas TVs de tubo. 

O preço dos aparelhos, no entanto, iam caindo à mesma medida que avançavam em funcionalidade e tecnologia, tornando o produto mais acessível a um número maior de pessoas. 

Em 2005, a Philips lançou um aparelho chamado Flat TV de Plasma 42" 42PF9630. Trazia a exclusiva tecnologia ambilight, e características comuns à maioria das TVs disponíveis hoje. Além da tela de 42" uma das mais populares atualmente, era também Full HD, e o diferencial de emitir pelas laterais do aparelho a mesma iluminação da tela, o que tornava o ambiente mais agradável e relaxante. Estas informações são do site da fabricante. O preço sugerido pela empresa em 2005 era a bagatela de R$ 14.999,00. Atualmente, é possível encontrar o mesmo aparelho no mercado por R$ 700,00, apenas 5% do valor inicial.

Em 2010, o portal G1 realizou uma reportagem (aqui) mostrando queda de 70% nos aparelhos de TV entre a copa de 2006 na Alemanha e a de 2010 na África do Sul. O preço médio em 4 anos caiu de R$7.999,00 para R$2.790,00. E em 4 anos a tecnologia avançou ainda mais.  É bem provável que este ano repitam a comparação e se verifiquem novas quedas nos preços.

E é aí que reside os benefícios da desigualdade de renda. Os avanços tecnológicos que irão beneficiar a todos são financiados pelos mais ricos. Este grupo apesar de em menor número, é o responsável por bancar novos produtos quando ainda estão em sua fase mais rudimentar de desenvolvimento, permitindo que melhoramentos sejam feitos antes destes produtos tornarem-se acessíveis para o restante da população. 

Pergunte ao rico o que ele pensa do investimento em sua primeira TV de plasma, por exemplo, e ele certamente responderá que foi um dinheiro mal empregado. Os R$ 60 mil que ele gastou no passado para adquirir um único aparelho, daria para comprar 60 outros aparelhos idênticos hoje. 

Um cidadão das ao comprar seu aparelho hoje, deve certo agradecimento aos ricos, pois, graças a eles, poderão adquirir um aparelho mais avançado a um custo muito menor. E a evolução continua. Veja aqui, aqui e aqui.

A desigualdade de renda tem o efeito positivo e necessário de acelerar o desenvolvimento tecnológico. Sem esta desigualdade que faz com que ricos financiem o progresso que futuramente irá beneficiar os mais pobres, os avanços seriam muito mais lentos, pois, a tecnologia precisaria se desenvolver muito mais antes de poder ser colocada no mercado a um preço acessível a todos. 

Desta forma, é possível concluir que a desigualdade de renda traz benefícios principalmente para os mais pobres, pois, passam a ter disponível tecnologias mais avançadas a um custo muito inferior, o que não aconteceria se não houvessem os ricos para financiar as pesquisas. 

Note-se que o avanço não se limita apenas aos aparelhos de TV, mas, acontece também em todos os segmentos em que a pesquisa e a tecnologia são essenciais. Por exemplo, na medicina. Os novos tratamentos e medicamentos costumam ser testados primeiro nos mais ricos que podem pagar o custo inicial mais elevado, recaindo, portanto, sobre estes o risco de testar um novo medicamento ou procedimento médico. Quando se tornam populares e acessíveis para o restante da população os remédios já sofreram avanços, reduzindo ou eliminando os riscos e dúvidas iniciais. 

Portanto, a desigualdade de renda não é um problema. Pelo contrário, há na desigualdade de renda vantagens valiosas, especialmente para os mais pobres. Vantagens estas que não existiriam caso estivéssemos vivendo num mundo igualitário. 

Leia a seguir a análise do artigo do professor francês Thomas Piketty, um dos maiores estudiosos sobre o tema e defensor da igualdade de renda (clicando aqui).

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