Últimas

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Você pensa ou Você reage?

Diariamente somos bombardeados por uma série de informações vindas dos mais diferentes meios: internet, televisão, rádio, jornais, amigos, correspondências, enfim. A forma como lidamos com estas informações diz muito sobre como lidamos com o mundo em nosso dia-a-dia.


No noticiário é apresentada uma reportagem com o Presidente do Banco Central anunciando a elevação da taxa básica de juros, a Selic. Em seguida, quase sem cortes, uma outra reportagem feita na Central de Abastecimentos de um cidade qualquer mostra os vilões da inflação do mês passado. O principal foi o tomate  que dobrou de preço na feira. Em seguida, o dono de uma pizzaria tradicional de outra cidade qualquer diz que está reduzindo o uso de tomates em suas receitas. A reportagem termina e antes do intervalo, o âncora chama ao estúdio a repórter que faz a previsão do tempo. Ela anuncia que no interior de São Paulo o clima está seco e não chove há vários dias e não há qualquer previsão de chuvas nos próximos meses. 



Situações como estas ocorrem todos os dias em nossas vidas. As notícias surgem diante de nós de uma forma um tanto aleatória e desconexa, eventualmente agrupadas em categorias que pouco ajudam: economia, internacional, política, esportes, etc.

A forma como lidamos com este conjunto enorme de informações determina se somos alguém que pensa ou se somos alguém que reage. Primeiramente, é preciso deixar claro, que ao longo de nossa vida seremos ora uma coisa, ora outra. Ninguém vive somente reagindo ou raciocinando todas as informações a todo instante. 

Segundo, preciso explicar a motivação de escrever este texto. Eu noto, entre meus amigos, colegas e parentes, pessoas com quem me relaciono diariamente, que em sua maioria o brasileiro está apenas reagindo às notícias do dia-a-dia. Noto, especialmente, uma incapacidade de raciocinar mais profundamente o que está acontecendo ao nosso redor. E, o que considero mais impactante, muitas das pessoas que estão apenas reagindo, costumam se considerar seres "esclarecidos", apenas porque estão por dentro de todas as notícias que saem nos jornais.

O ato de pensar é um processo mental. E todo processo, independente do seu tipo ou objetivo tem basicamente este modelo na figura à esquerda: 



No nosso caso, as entradas são as informações apresentadas no telejornal. As ferramentas e técnicas são o seu ato de pensar. É quando você analisa de forma critica os dados, faz conexões entre eles e desenvolve um raciocínio. A conclusão proveniente deste pensamento são as saídas. Normalmente, as informações que temos disponíveis são insuficientes e comumente somos obrigados a pesquisar mais informações em outras fontes. O ato de pensar é sempre individual. E, portanto, cada um de nós deve desenvolver as nossas próprias conclusões quando pensamos.

A simples reação a uma informação, no entanto, ignora quase que por completo a segunda etapa, a de desenvolver raciocínio para nos permitir chegar a conclusões. Na maior parte do  tempo, a maioria de nós limitamos a receber informações (entradas) dos jornalistas, e receber também destes as conclusões (saídas). Ficamos perdidos quando uma informação vem sem uma conclusão, e dizemos que estamos mal informados.

Aquele que apenas reage se priva de entender o porque das coisas. Para estes, o importante mesmo é obter o resultado, as consequências daqueles fatos, as saídas. Para então termos uma reação positiva ou negativa. Esta atitude tão somente reativa é bem característica do brasileiro médio, e infelizmente, explica o nosso baixo entendimento político e econômico (para citar somente duas áreas). O perigo desta atitude está em termos reações adversas e equivocadas. Por exemplo, quando o presidente do Banco Central vem a público anunciar o aumento na taxa de juros, tendemos a reagir negativamente, sem que compreendamos as razões que levaram àquela atitude. 

O indivíduo que apenas reage tende a considerar apenas a conclusão e o modo como aquilo o afeta, ou, como ele acredita que aquela informação o afeta. E o mais comum, é que nossas reações projetem apenas o curto prazo. Afinal, como não compreendemos completamente a situação, não dispomos de informações suficientes que nos permitam enxergar os efeitos daquela notícia no médio e longo prazo. Reforçando, o risco de termos reações equivocadas. 

Como Bastiat, falou. Há aquilo que se vê e há aquilo que não se vê. Os que apenas reagem estão limitados ao que se vê (o aumento dos juros, por exemplo). Lhes escapa totalmente o que não se vê (reduzir a inflação no longo prazo). 

Infelizmente, o nosso jornalismo não contribui em nada para tornar o brasileiro mais crítico. Em geral, sem exceções, temos um noticiário que se orgulha de oferecer as informações "mastigadas" para o telespectador, ciente, de que na média, a audiência brasileira tem como característica não pensar, e preferir noticiários que façam isto por ele. 

E você? Tem o costume de pensar? Ou tende a apenas reagir? 

Bem, se você é daqueles que costumam pensar, pode encerrar a leitura aqui neste ponto. Mas, se você prefere apenas reagir, vou te dar uma mãozinha, pois, não quero perder a sua audiência. O texto em azul no início do texto é todo interligado, apesar, das informações ali parecerem desconexas. A conclusão que se pode chegar ali é a seguinte: 

O interior de São Paulo é a região que mais produz tomates no Brasil. Especialmente na cidade de Ribeirão Branco. Logo, a forte estiagem que atinge o interior paulista afeta a produção local de tomates, que afeta toda a produção nacional. Com isto, o preço dos tomates sobem, como observado na Central de Abastecimento. A subida do tomate, pressiona a inflação para cima, o que faz o governo agir para derruba-la, com o aumento da taxa de juros, a medida mais comum para baixar a inflação, ou seja, os preços dos produtos. 

Que fique claro. Se você está determinado a não apenas reagir, e começar a pensar, você precisa saber que para entender como a falta de chuvas numa região pode acabar levando o Banco Central a subir os juros vai precisar pesquisar. Não espere que nossos telejornais te expliquem.


E você o que pensa sobre o texto? Qual foi a sua reação com o que você leu?

Deixe o seu comentário!



Um comentário:

  1. Boa tarde amigo Marcelo.
    Eu tenho um péssimo defeito de às vezes reagir sem pensar e quando geralmente acontece erro feio, pois agi por impulso sem pensar primeiro.
    Já tinha visto falar que na região de São Paulo, nos interiores são grandes grande produtores de tomates.E é uma pena que a estiagem tenha castigado.Eu tenho até evitado comprar tomates, pois com este preço não vale a pena, pois não é remédio, o resto pode esperar uma safra melhor do tomate ai sim eu compro.
    Um excelente domingo e agradeço por ter partilhado comigo este artigo e sempre que postar é só me avisar,pois estou sempre a disposição dos amigos.
    Um grande abraço.
    ClaraSol

    ResponderExcluir

Designed By