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sexta-feira, 27 de junho de 2014

A Contradição interna do socialismo: O amor fraternal sem Deus.

O socialismo tem falhado sistematicamente na construção de uma sociedade fraternal, exatamente, porque nunca se opôs ao bem-estar material capitalista. É, sobretudo, apenas um meio diferente de se alcançar o mesmo objetivo de produzir e consumir mais, sem, ter abandonado a motriz do interesse pessoal, dos desejos carnais e da ganância.


A grande meta do socialismo é acabar com os antagonismos sociais, responsáveis por gerar tantos atritos e perversidade entre os homens. Para os socialistas, não houvessem tais antagonismos, teríamos uma sociedade fraterna em que os homens ajudariam uns aos outros, seríamos uma única grande família de irmãos. 

Os socialistas acreditam que o caminho para se alcançar esta sociedade seria acabar com a causa das desigualdades entre pessoas, a qual atribuem à propriedade privada. Uma vez que alguns possuem propriedades e outros não, e mesmos entre os que possuem alguma propriedade, há aqueles que possuem mais do que outros. Somente, uma comunidade igualitária seria capaz de eliminar os antagonismos, uma vez que todos homens fossem iguais na produção e no consumo de bens e serviços, poderíamos viver harmoniosamente, sem hierarquias, sem cidadãos superiores e inferiores. 

A ideia socialista não é original. Comunidades igualitárias já existem há muitos séculos vivendo em monastérios. Os monges vivem fraternalmente em uma vida devotada ao amor a Deus. Nestas comunidades todos os bens materiais são igualmente divididos entre os pares, bem como alimentos e vestimentas. O sucesso da vida monástica, contudo, reside na devoção completa a Deus, o que os leva a desprezar os bens materiais. É este desprezo pelas coisas mundanas que garante o sucesso da vida igualitária entre os monges. 

O socialismo não substituiu a devoção aos bens materiais inerente ao capitalismo por nada, tendo tão somente, substituído os meios para alcançar a satisfação material. No capitalismo a produção individual de bens e serviços para serem trocados livremente no mercado, no socialismo, a produção coletiva de bens e serviços para serem distribuídos igualmente entre os cidadãos. Desta forma, a sociedade deve permanecer dedicada à produção e consumo de bens e serviços, sendo, a produção e consumo cada vez maior um objetivo a ser alcançado. Em seu livro A Ética da Redistribuição, Bertrand de Jouvenel, questiona: 

Bertran de Jouvenel
Se “mais bens” são a meta à qual os esforços da sociedade devem visar, por que então “mais bens” deveria ser um objetivo vergonhoso para o indivíduo?

 A diferença da irmandade monástica, para aquela proposta pelo socialismo, é que nesta última não há o mesmo desapego pelas coisas materiais que há na primeira, e isto, faz toda a diferença. Os monges não apenas não estão dispostos a aumentar o seu bem-estar individual às custas dos outros indivíduos, eles simplesmente, não tem qualquer ambição de aumentar seu bem-estar individual. Sua vida é toda voltada para Deus. 

O socialismo não foi capaz de chegar sequer próximo de construir uma sociedade semelhante. Se a sociedade continua almejando uma maior produção de riqueza e um maior bem-estar material para seus indivíduos, então, o socialismo não desfez o motriz do interesse pessoal, dos apetites carnais e da ganância que são característicos de sociedades econômicas. 

Jouvenel afirma ainda que o objetivo ético do socialismo de criar uma sociedade livre dos antagonismos capitalistas entrou em declínio. As medidas para alcançar aquela sociedade igualitária revelaram-se falhas. Atualmente, o socialismo é apenas um sistema desintegrador, uma vez que seus componentes antes unidos na crença do ideal socialista original, agora parecem estar atuando autonomamente em busca de diversas outras "sociedades boas" (ambientalistas, sociais-democratas, centristas, distributivistas, reformadores do capitalismo, primitivistas, multiculturalistas, neomarxistas, etc.). São filhotes do socialismo, que conservam o mesmo defeito original: o apego ao bem-estar materialista (com maior ou menor consumo de recursos) oferecido pelo capitalismo ao qual afirmam se opor.

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