Chris Mccandless é um jovem que acaba de se formar na faculdade. Enquanto todos nesta fase da vida estão ansiosos para iniciar uma carreira, constituir família e viver o sonho americano, ele decide partir em busca de liberdade e aventura. Atrás de algo que a sociedade não pode lhe dar.
Chris Mccandless (Émile Hirsch) se graduou na Universidade de Emory em 1990, e decidiu partir numa jornada em busca da liberdade e da felicidade, em um percurso que o levou da Dakota do Sul até o Alasca, passando pela Califórnia. Mccandless ao partir deixou para trás não apenas a sua vida e sua infeliz família, mas, também sua identidade, ao adotar o nome Alexander Supertramp (que pode ser traduzido para o português como, Alexander SuperVagabundo).
Este é um excelente filme, escrito e dirigido por Sean Penn, baseado no best-seller homônimo de não ficção escrito por Jon Krakauer. Na Natureza Selvagem é um road-movie, e traz tudo aquilo que o gênero exige com belas paisagens, descobertas e um processo de auto-conhecimento da personagem. Mas, este filme em especial tem algo mais. Ele carrega o espírito perturbado, impulsivo e bravo de Alexander.
Émile Hirsch, a trilha sonora de Eddie Vedder e a fotografia de Eric Gautier
Três elementos compõem para criar o espírito deste filme. A bela fotografia de Eric Gautier, que havia trabalhado pouco antes no road-movie Diários de Motocicleta do brasileiro Walter Salles, mostrando as belas paisagens da América do Sul.
A profunda interpretação de Émile Hirsch. O rapaz vinha de alguns bons filmes, mas, atuando no papel de adolescentes problemáticos, como em Alpha Dog. Hirsch vai amadurecendo junto com a personagem Supertramp, demonstrando uma maturidade que ainda não havia demonstrado em seus outros trabalhos.
E a trilha sonora de Eddie Vedder, vocalista da banda Pearl Jam, que á época estava em seu primeiro trabalho solo. A trilha desenvolvida por Eddie Vedder, bela e emotiva reforçam o lado emocional de toda a obra.
A jornada em busca da liberdade e da felicidade
Ao assistir este filme, talvez você sinta no início que Supertramp não é ninguém se não mais um louco que vai sair por aí. Mas, a sinceridade e a pureza de seu propósito, muito bem captadas por Emile Hirsch, farão com antes da metade desta película você já esteja se perguntando porque não segue os passos daquele rapaz.
Sean Penn, é ao mesmo tempo o biografo e o companheiro de viagem de Supertramp, seguindo os seus passos e nos apresentando a personalidade e as belezas naturais que ele encontrou pelo caminho. Um filme que mostra a grandeza da natureza norte-americana a oeste do Mississipi. As antigas florestas, os cânions, os campos de trigos, as pradarias e o Alasca.
Supertramp se define como alguém que rejeita a posse de bens materiais e laços com outras pessoas. Nos escritos que deixou, ele demonstra ter um visão política próxima de Tolstoi ou Jack London. Penn e o próprio Krakauer no livro, no entanto, criam uma personagem que revela-se apolítica, muito próxima do idealismo descompromissado de Thoreau - "além do amor, além do dinheiro, além da fama, dê-me a verdade".
Sua jornada o leva a conhecer diversos tipos humanos que vivem próximo daquilo que almeja, mas, parece faltar a cada um deles um parte, o que o leva a sair sempre em busca de uma parte faltando em outras pessoas que encontra pelo caminho. Como se estivesse se preparando para alcançar o seu destino, uma experiência solitária no Alasca.
Penn, tem o mérito de não transformar a obra num melodrama. Ainda que às vezes, Supertramp possa parecer um escritor de cartões motivacionais, como quando diz a Tracy (Kirsten Stewart) "se você deseja algo em sua vida, vá até lá, e pegue". Penn, parece se inspirar mais na figura de Cristo para desenhar sua personagem. Tal qual o filho de Deus, que vagou pela Terra deixando sua mensagem para os homens que encontrou no caminho até chegar ao desfecho de sua caminhada. A associação parece ter ainda mais sentido, em cenas em que Supertramp boia sobre as águas do rio com os braços abertos, lembrando Cristo na cruz. Ou no final, quando a luz ilumina seu rosto olhando para os céus.
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Émile Hirsch e Chris Mccandless |
O fato é que Na natureza selvagem é provavelmente um dos filmes mais marcantes que você verá. Não se surpreenda caso sinta que você embarcou na viagem com Alexander Supertramp e que está vivendo do sofá de sua casa tudo aquilo que o jovem viveu. É normal também que você pense em partir para sua própria jornada.
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