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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Cinema: O Lobo de Wall Street

De Gangues de Nova York em 2002 até O Lobo de Wall street em 2013. São cinco filmes de parceria entre Martin Scorcese e Leonardo di Caprio. E neste filme a dupla mostra que a cada novo filme o trabalho de ambos fica cada vez melhor. 




A história real do jovem Jordan Belfort (Leonardo di Caprio), que foi em muito pouco tempo da miséria para a riqueza e então para a decadência. 

Após nos trazer um filme, segundo o próprio Scorcese "para que meus filhos possam assistir" na bela homenagem ao cinema Hugo Cabret, o diretor de clássicos como Taxi Driver e Touro Indomável, retorna com mais ousadia que nunca em O Lobo de Wall Street.

Este filme é amoral, insano, opulento, e de certa forma, para muitos, inspirador. Belfort é mais um dos muitos jovens que chegam a Wall Street cheios de ambições e com muita vontade de ganhar dinheiro. Logo, consegue uma vaga numa corretora, mas, antes que pudesse começar a deslumbrar que este mundo, vem a Black Monday que derrubou as Bolsas ao redor do mundo, e o rapaz se ver no olho da rua. 

A virada acontece quando surge a oportunidade numa pequena corretora longe de qualquer glamour de Manhattan, onde com sua habilidade ele consegue dar a volta por cima. Daí para frente o que se ver é um festival de extravagância que faz com que os 180 minutos do filmes passem como um desfile de carnaval. 


O melhor resultado de uma bem-sucedida parceria e o Oscar que não veio


Dentre os cincos filmes feito em dupla com Leonardo di Caprio, é este aquele em que Scorcese mais ousou. Totalmente amoral, sem qualquer julgamento das atitudes de Belfort, o diretor parece ter decidido que nada seria proibido neste filme. Cenas de nudez e sexo, drogas, bizarrices com anões, festas selvagens no escritório, tudo está ali como se fossem parte do dia-a-dia de qualquer ser humano. Ou, pelo menos, de qualquer ser humano de Manhattan. 

Leonardo di Caprio, por sua vez pode dizer sempre, que deu a Academia a melhor performance de um ator no ano de 2013, e se eles não lhe deram um Oscar, é porque talvez eles não entendam muito de cinema. 

Di Caprio, abusou de toda a liberdade que o diretor lhe deu para explorar as muitas facetas de sua performance. É um show de atuação do ator, que mostrou-se muito a vontade para apresentar toda a sua versatilidade. 

Os momentos de di Caprio falando num microfone como em uma conferência com seus subordinados são o melhor da performance do ator. Em que ele explora toda a sua veia motivadora, regendo um exército de homens e mulheres dispostos aos maiores sacrifícios para realizar o sonho de riqueza. 

A decisão de Scorcese foi acertada, a libertinagem do filme é algo que o engrandece e não o degrada, e talvez tenha sido este o grande problema para a Academia, há muitos anos engajada politicamente, com sua agenda esquerdista liberal (liberal, nos moldes peculiares americanos) de propagação do progressismo politicamente correto. É o que explica a estatueta de melhor ator ter ido parar nas mãos de McConaughey, no papel de um homossexual aidético, atuação para a qual a indicação ao prêmio (para McConaughey) já era muito. 


Sobre Wall Street, além dos clichês de Wall Street


Certos temas no cinema são capazes de criar os seus próprios clichês tornando-se um genêro à parte. É o caso dos filmes sobre Wall Street. É sempre um misto de um homem jovem ou maduro, ganancioso ao extremo, capaz de atropelar o mundo para ganhar mais alguns trocados em cima de gente incauta, que investe em Wall Street sem saber que está se metendo com o que há de mais podre na humanidade. 

Não há muito como fugir disto. Mas, em O Lobo de Wall Street Scorcese escapa indo além, muito mais profundo no tema. A depravação na vida de Belfort parece ser proporcional ao dinheiro que ganha. O que rendeu diversas cenas dignas de notas, mas, que contar qualquer uma delas aqui seria um spoiler imperdoável. 

Por não focar nos detalhes do mecanismos de Wall Street, o filme consegue transcorrer por 3 horas como se tivesse a metade do tempo, tão rápido como a meteórica ascensão e queda do Lobo. 

Talvez você goste, talvez você odeie


Para os que ainda não perceberam, este definitivamente é um filme que nenhum menor de 18 anos, bem como nenhum adulto que entendem que certas coisas jamais deveriam ser exibidas em público podem ver. 

Se di Caprio mostra toda sua entrega a personagem, em cenas incomuns para atores que são galãs e consagrados como ele, o restante do elenco não fica atrás. A presença sempre cômica de Jonah Hill, interpretando o braço direito do protagonista. O elenco ainda vem com Margot Robbie (Pan Am), Matthew McConaughey, Rob Reiner, Jean Dujardin (O Artista), Jon Fraveau e outros. 

O fato é que por seus extremismos e sua falta de pudor, O Lobo de Wall Street é um filme que você irá adorar, ou que irá odiar. Depende muito de como estas coisas afetam a sua percepção sobre a qualidade de uma obra. 

Penso que a melhor forma de se preparar para assistir, este que considero um excelente filme, é tornar-se durante seus 180 minutos, tão amoral quanto o diretor e seu elenco foram. Entender que se está diante de uma visão estilizada e exagerada do ambiente da capital do mundo financeiro, que é Wall Street.

Não é péssimo, nem é uma obra-prima. Mas, é uma aplicação magnífica da estética cinematográfica para mostrar nossos aspectos mais profundos e instintivos, que muitos lutam e conseguem controlar, outros, como Jordan Belfort apenas querem explorá-lo até as últimas consequências. 

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