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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Thomas Piketty no Brasil

Thomas Piketty
O economista celebridade (sim, aparentemente existe) Thomas Piketty está no Brasil para divulgar o lançamento em português do seu livro. O best-seller mundial, O Capitalismo no séc XXI, que vendeu em um mês nos EUA mais que qualquer outro livro da Harvard University Press em 101 anos. No país, Piketty recebeu tratamento de celebridade em sua participação num debate com outros dois economistas brasileiros na FEA-USP. Se você procurar saber o que os outros dois economistas disseram, ou pelo menos os seus nomes terá sérias dificuldades. Todos os holofotes de nossa imprensa eram apenas para o francês.
E o que Piketty falou para os mais de 300 acadêmicos e estudantes que lotaram o auditório? Como era de esperar mais daquilo que ele vem defendendo em seu livro. Maior progressão fiscal, taxação de fortunas, investimentos em educação, igualdade de oportunidades, enfim, o receituário típico.
O trabalho de Piketty está sendo celebrado por uns e em igual proporção questionado por outros. O professor francês, no entanto, se apresenta acima de todas as discussões. Ele é pós-capitalista, pós-marxista, pós-guerra-fria. Defende medidas claramente anticapitalistas e antiliberais, mas, é ainda assim dito um liberal defensor do capitalismo, das forças de mercado, da propriedade privada.
E, o sucesso de sua obra revela que as pessoas estão pouco interessadas nas controvérsias do professor. É favorável à propriedade privada, mas, defende o confisco da riqueza alheia. Acredita nas forças do mercado, mas, defende que o governo intervenha no mesmo. É a favor do capitalismo, porém, contrário às suas estruturas básicas.
O foco do trabalho do professor é bastante evidente está na riqueza dos ricos. Há pouca disposição para discutir a situação dos mais pobres. Para Piketty, para um pobre no meio da caatinga brasileira o grande problema é que em São Paulo tenha brasileiros muito ricos. É o que se pode depreender quando a cada duas frases, Piketty pede mais imposto sobre os mais ricos.
Há também no professor uma lacuna enorme sobre o que fazer com a riqueza confiscada dos ricos. Aparentemente, desde que ricos não possam ficar muito ricos tudo estará bem com a humanidade.
Não é preciso ser gênio para imaginar o que acontecerá com esta riqueza confiscada depositada nas mãos do Estado. Enormes burocracias estatais serão criadas pelo mundo para confiscar esta riqueza, outra burocracia será criada para discutir o que fazer com ela, outra burocracia fará a aplicação decidida pela anterior, e finalmente, uma outra burocracia cuidará de fiscalizar a aplicação correta destes recursos e uma última burocracia fiscalizará se toda a riqueza foi realmente confiscada – obviamente ignorei a parcela destinada corrupção, deixei devidamente implícito.
No Brasil, Piketty deu pistas de como pensa que deve ser aplicada a riqueza confiscada: Educação. A panaceia dos acadêmicos para todos os problemas mundiais. Educação esta que passará, obviamente, por professores como ele, Piketty.
Ou seja, capitalistas eficientes que construíram fortunas não seriam as pessoas mais indicadas para dispor dela e continuar criando mais riquezas. O governo deverá confiscar e entregar para pessoas como Piketty. Com todo o seu conhecimento e sabedoria seriam a quem a sociedade deveria confiar a correta aplicação da riqueza que não foram capazes de criar.
Afinal, seres humanos não precisam de mansões com piscinas ou carros de luxo. Também não precisam de mais riqueza a partir de certo ponto. Precisam daquilo que Piketty e outros “intelectuais” disserem que precisamos.
Em seu livro, A mentalidade anticapitalista, Ludwig Von Mises já havia revelado estas mentes “elevadas” tal qual a do francês. Ele identifica porque o meio acadêmico é o mais fecundo para produzir críticas ao capitalismo. Piketty é mais um daqueles que não conseguem aceitar que o conhecimento que produzem na universidade é menos valorizado na sociedade que o Facebook, uma Coca-Cola gelada ou as músicas da Lady Gaga.
Para estas mentes é inconcebível que Mark Zuckeberg um jovem de classe média que abandonou Harvard tenha levado uma década para transformar 20.000 dólares numa empresa com valor de mercado superior a 200 bilhões de dólares – Piketty levou uma década e meia para concluir seu livro. E que o Facebook desperte mais interesse nos pobres que qualquer obra sobre desigualdade de renda.
Em sua mente, um sistema que premia um jovem sem diploma e conserva na classe média um professor com seus inúmeros títulos (mestre, doutor, pós-doutor), é injusto e tem sérios problemas. Por isso, precisa de um reformador. Quem? Ele, o encastelado na universidade, Thomas Piketty.
Uma das sugestões dadas por Piketty no Brasil para diminuir a desigualdade é um maior investimento no ensino universitário. Como mais recursos para universidades mudará a vida do pobre da caatinga que sequer sabe ler. Mas, para o professor francês seria com certeza muito bom.

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