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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Os Nacionalistas são contra o Brasil

Nacionalismo Pré-sal PetrobrásO discurso nacionalista no Brasil sempre serviu de justificativa para que grupos no poder pudessem agredir sem culpas o povo brasileiro. Quando foi usado tinha o intuito de mascarar alguma maldade praticada pelo governante de plantão. É o recurso de comprovada eficácia para que políticos ataquem o cidadão, e ainda saiam como defensores do povo.
Foi com o discurso nacionalista que o ditador Getúlio Vargas se tornou herói inconteste nacional, uma figura mítica do nosso folclore . Foi também com o discurso nacionalista que os militares mantiveram-se por quase duas décadas no poder. O mesmo discurso fez do Brasil uma das economias mais fechadas do mundo, sempre em nome da indústria nacional, mesmo quando ela não é brasileira, como no caso das montadoras de veículos. O nacionalismo também foi usado pelo partido no poder em todas as últimas eleições. Nos anos 2000, diziam que a oposição queria “entregar” o Brasil para os americanos com a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Diziam ainda que pretendiam entregar a Petrobrás para as grandes petrolíferas estrangeiras. E por aí vai.
O nacionalismo está sendo invocado outra vez por aqueles que se esforçam para defender a roubalheira na Petrobrás. Falam em golpe dos que querem privatizá-la. Afirmam que aqueles que estão indignados com a corrupção deviam se envergonhar por expor as falcatruas na maior empresa do país. Segundo os nacionalistas, devemos amar e respeitar a Petrobrás, e isto significa esconder todos os fatos negativos sobre a empresa para que o preço de suas ações não caia ainda mais. Alegam que deveríamos está mais indignados com pessoas que comparam o preço de uma ação da petrolífera a uma taça de chopp, do que com aqueles que levaram a empresa a esta situação.
Não surpreende. O nacionalismo é sempre tosco.
A Petrobrás é filha deste discurso. Na década de 50 quando foi criada por Getúlio Vargas após a campanha nacionalista “o petróleo é nosso”, decidiu-se que a exploração do petróleo é uma atividade estratégica para o país, e, portanto, deveria pertencer ao povo brasileiro. Por isso seria um monopólio estatal. Ora, mais importante que o óleo que alimenta as máquinas, é a comida que alimenta as pessoas, nem por isso a produção de alimentos é considerada estratégica e objeto de monopólio estatal, vai entender esta lógica.
Quando a Petrobrás nasceu, a exploração de petróleo já acontecia há quase um século nos Estados Unidos. Naquele país a exploração sempre foi privada, implantada, desenvolvida e tornada essencial pela iniciativa privada. Apesar de maior potencia mundial e muito mais dependente do petróleo, os americanos nunca tiveram problemas em deixar a exploração fora da esfera estatal. Não há qualquer registro que o desenvolvimento dos EUA tenha sido em algum momento prejudicado por empresários gananciosos. Seriam os americanos menos patriotas que nós brasileiros?
É consenso que a Guerra do Iraque, em 2003, foi motivada pela busca por mais petróleo por parte dos americanos. No início dos anos 2000, os EUA estavam cada dia mais dependentes da importação do produto. E talvez por uma coincidência macabra vários dos seus principais fornecedores eram países controlados por governos hostis a Washington. A ofensiva ao Iraque tinha como objetivo controlar as reservas daquele país, aliviando a dependência de países como Irã e Venezuela, pouco amigáveis aos EUA.
Naquela época, quem controlava a produção mundial do produto era a OPEP, a organização dos principais países exportadores liderados pela Arábia Saudita. Os EUA eram altamente dependentes da importação de petróleo, e com isso a OPEP usava o seu poder para aumentar ou diminuir a produção, fazendo o preço do produto oscilar de acordo com seus interesses.
Para agravar a situação, o preço do barril não parava de subir. O crescimento da economia chinesa fazia a demanda pelo produto crescer sem parar. Previsões diziam que em breve o barril chegaria na casa dos $200, sendo que nos anos 90 custava cerca de $20, um incremento e tanto.
Mais uma vitória do livre-mercado
Com um preço tão elevado do barril, o Brasil decidiu que era hora de embarcar na aventura do pré-sal. Os dirigentes da empresa, movidos, sobretudo por uma grande paixão nacionalista viram apenas a cotação do produto subindo no horizonte. O governo não perdeu a chance. E com discursos ufanistas celebrava o “bilhete premiado”. Falou-se em revolução na educação com os royalties da exploração. E, novamente, abusando de um nacionalismo tosco, a presidente em sua campanha para a reeleição acusou a oposição de querer parar com o pré-sal, prejudicando o futuro das criancinhas e do Brasil. Qual a razão lógica para a oposição querer isto não se sabe, mas, o nacionalismo não se presta a qualquer lógica.
No entanto, silenciosamente uma revolução se formava. O livre-mercado preparava mais uma vitória sobre os estatistas. Enquanto em Brasília, a nossa presidente fazia previsões cada vez mais mirabolantes com os frutos do pré-sal, sempre sonhando com um mundo de petróleo nas alturas. Nos EUA, empresários faziam o que fazem melhor que ninguém: atender as demandas do mercado com a maior eficiência e o menor custo.
Com o barril do petróleo nas alturas, era uma oportunidade para empreendedores buscarem novas alternativas à exploração do produto. Foi assim que a exploração do gás de xisto se tornou interessante. E a cada instante mais e mais empresas surgiam no mercado. Atualmente os EUA tem mais de 2.000 produtores de gás e petróleo de Xisto. Bem diferente do nosso caso, em que somos dependentes da lentidão de uma única estatal.
A exploração do gás de xisto cresceu mais veloz que os analistas esperavam e o resultado é que em poucos anos os EUA viraram o jogo. Se em 2003 embarcaram numa guerra custosa pelo produto, agora eles se veem livres da dependência externa. Em menos de cinco anos a produção total de petróleo nos EUA saltou de 5,4 milhões barris/dia para 8,5 milhões de barris/ dia. O equivalente a um Brasil e meio em termos de produção de petróleo anual. A nossa produção no mesmo período foi de 2 milhões barris/dia para 2,2 milhões.
Os antigos exportadores para os Estados Unidos se veem perdidos. Com o incremento da produção americana sobrou petróleo no mundo e por isto os preços despencam. Somente a Petrobrás viu a sua exportação para os ianques cair 60% em dois anos (de US$8,4 bilhões em 2011 para US$ 3,7 bilhões em 2013). A Venezuela que tem na exportação de petróleo 95% de suas vendas ao exterior denunciou na Conferência do Clima em Lima, no Peru, os EUA por explorarem o gás de Xisto, que seria poluente e prejudicial ao meio ambiente. Ouvir uma queixa destas de um país que vive de combustíveis fósseis é realmente hilário.
Mas, não parou por aí. Além de reduzirem sua dependência do produto externo. Os americanos ainda tomaram da OPEP o controle do mercado mundial. A própria Arábia Saudita anunciou recentemente que não mais controlará os preços do produto no mercado, e que esta função cabe agora aos Estados Unidos. Os Sauditas decidiram não cortar a sua produção para fazer os preços subir, pois, sabe que perdeu esta capacidade e por acreditar que apenas perderia terreno, uma vez que outros países produtores fora da OPEP como Rússia e México não fariam o mesmo.
Para nós brasileiros, só nos resta lamentar. Com a crescente produção do gás de xisto, e a quase autossuficiência do maior consumidor mundial derrubaram a cotação do petróleo. A China que se tornou o maior importador está entrando em desaceleração. Explorar o pré-sal é caro e só é viável, segundo a Petrobrás, a um barril custando no mínimo $50 (a cotação atual está em $55). O que ameaça a viabilidade da exploração – a viabilidade do pré-sal fica ainda mais comprometida com as exigências de conteúdo nacional que apenas encarecem a operação, outro ranço nacionalista.
O nosso “bilhete premiado” perdeu valor antes de ser sacado. Supõe-se que o barril possa estabilizar em $60 ou $70, o que manteria a extração viável, mas, muito abaixo das previsões megalomaníacas de Brasília. Pior, a nossa única e gigantesca estatal do petróleo está superendividada, muito em função do pré-sal, hoje a Petrobrás tem a maior dívida corporativa do mundo.
O fato é que a era do Pré-Sal veio e já se foi. E o Brasil que queria proteger a “riqueza nacional” perdeu tempo demais discutindo quem ficaria com os royalties do petróleo que nem sequer tinha sido extraído. Perdemos muito tempo também para mudar o modelo de exploração de Concessão para Partilha. O tempo passou. Enquanto a bandeira nacionalista parou o Brasil, o mundo corria e ficamos para trás.
E aí está o preço. Corremos o risco de ficar sem Pré-Sal. Sem Petrobrás. E com um combustível que fica mais caro a cada dia. Enquanto, o preço do barril não para de cair.
O nacionalismo já provou tantas e tantas vezes ser péssimo. Não atende aos anseios da população. Custa caro. E no fim das contas, é você, povo brasileiro, quem paga a conta.
Em tempo. A agência americana de energia estima que o Brasil tem uma das maiores reservas de gás e petróleo de xisto do mundo. Mas, até 2013 a própria ANP admitia que falta ao país dados que permitam uma exploração segurança do Xisto. 

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